As câmeras nos carros da Rússia flagram de tudo. Depois de filmarem um meteoro por todos os ângulos possíveis captaram um sensacional aciden...
As câmeras nos carros da Rússia flagram de tudo. Depois de filmarem um meteoro por todos os ângulos possíveis captaram um sensacional acidente com moto que terminou de modo totalmente inesperado.
Esse vídeo de 30 segundos, que registra 30 de julho de 2014 como sendo a data da filmagem, foi publicado no YouTube em 19 de agosto e já possui mais de 4,4 milhões de visualizações.
De acordo com o Jalopnik (apud Mashable) o choque de uma moto na traseira de um carro, transformando o condutor da moto em surfista rodoviário involuntário, ocorreu em uma ponte próxima à cidade russa de Korolyov.
Essa colisão, de tão incrível, seria considerada uma armação pouco realista se fosse incluída em um filme de ação. Digna de uma produção "bollywoodiana". Porém não foi forjada. E infelizmente não é o desfecho normal desse tipo de acidente, especialmente por aqui.
Acidentes com moto no Brasil matam um Boeing 777 a cada 5 dias, ou seja, morrem, no mínimo, 40 motoqueiros todos os dias. As motocicletas representam em torno de 25% da frota total de veículos leves e pesados, porém respondem por 41% das mortes (16.240, do condutor; 2.667, do passageiro e 3.434, de pedestres).
Assim, quando um piloto de motocicleta sobrevive a um acidente de modo tão espetacular é como se nascesse um heroi para o imaginário coletivo dos motofretistas e mototaxistas. Afinal, eles sabem que arriscam a vida todos os dias tentando ganhar a vida. E o veículo que dirigem não oferece a mínima proteção diante da velocidade que normalmente trafegam. Ao contrário, é o corpo desses profissionais (e também dos bikers amadores) que, por vezes, serve de proteção para esse meio de transporte.
Os números no Brasil não são confiáveis, já que há uma grande divergência entre os números de mortes no trânsito fornecidos pelo Ministério da Saúde (através do DATASUS) e da autoridade de trânsito (Denatran, que forneceu um anuário estatístico até 2006), que se baseava nos boletins de ocorrência.
Outra fonte, a Seguradora Líder, entidade gestora do seguro obrigatório DPVAT, nos fornece estatísticas referentes às indenizações pagas por morte. O que não corresponde ao número de óbitos ocorridos no ano, uma vez que alguns processos de indenização podem levar anos para serem pagos. A forma irregular da curva traduz unicamente a evolução dos processos administrativos de indenização, sem relação direta com a evolução do número de ocorrências.
Conclui-se então que não sabemos ainda o tamanho do problema. Porém, de todo jeito que olharmos, a sensação é de que são números alarmantes. Isso vai de encontro ao preconizado na campanha da ONU "Década de Ação pelo Trânsito Seguro" (2011-2020). Sem conhecermos o tamanho do problema se torna bem mais difícil planejar ações educativas, de formação de condutores e fiscalização.
O que pode ser feito?
Uma das ações poderia ser a priorização, de fato, do transporte público. Apesar do número elevado de óbitos, dos gastos astronômicos com hospitais e dos custos previdenciários, o governo continua a estimular o uso de motocicletas (mirando, certamente, o aumento de empregos gerados pelas montadoras e o aumento de trabalhadores autônomos), facilitando, por exemplo, o financiamento nos bancos oficiais. Chega a ser mais barato pagar uma prestação no final do mês do que utilizar transporte público. Mais grave ainda é autorização para que motoqueiros circulem nos espaços virtuais entre duas filas de automóveis. O que a Folha (apud Espaço Humano) chamou de "corredor da morte".
Outra ação é investir em educação. O Observatório Nacional de Segurança Viária desenvolveu um treinamento destinado aos motociclistas eventuais e profissionais. O curso “Motociclista - Atitude Positiva” foi elaborado na modalidade de ensino a distância com a intenção é ampliar o conhecimento dos motociclistas sobre os acessórios obrigatórios, comportamento em situações de risco e situações adversas, dicas de frenagem (O que pode reduzir vícios como o mau hábito de usar apenas o freio traseiro na frenagem), transporte de cargas e pessoas, entre outras dicas de segurança.
Além dos cursos de EAR (sigla de "Exerce Atividade Remunerada", expressão que deve constar na carteira de condutores como motoristas de caminhão, de ônibus, taxistas, mototaxistas, motoboys, entregadores de pizzas, peças, produtos, entre outros) deveria haver também programas educativos nas escolas, além dos promovidos pelas entidades de classe.
A recuperação das vias também é uma atitude importante, pois as motos são muito mais vulneráveis às imperfeições e buracos nas pistas. Incluindo-se nesse rol as falhas na drenagem/escoamento de águas pluviais e limpeza das ruas.
Embora o capacete ainda seja o principal acessório de segurança, coletes infláveis importados já são ofertados no mercado nacional por um preço médio superior a R$ 2.000 (tendo jaquetas infláveis a partir de R$ 1.000).
A Honda lançou, no começo do mês, a primeira moto street (comum), de baixa cilindrada, com aplicação simultânea dos freios (Combi Brake), mesmo que o piloto acione somente o freio traseiro. É item de série nas CG 150 Titan 2015, cujos preços vão de R$ 7.680 a R$ 8.180. Em breve deve se estender a todas as CG.
O Brasil é o primeiro mercado a dispor desse equipamento pela dificuldade de mudanças de hábitos errados. Testes indicam que a distância de frenagem pode diminuir até 20% em relação a um moto sem o equipamento e conduzida de forma incorreta.
Há projetos de motos muito mais seguras sendo desenvolvidos, como este protótipo que possui cabine para os ocupantes e carga, além de não necessitar de apoio dos pés para não cair.
Esse tipo de inovação deve demorar ainda ser incorporado em nossas vias. Enquanto isso, os carros sem motoristas estão evoluindo constantemente. Essa é, dentre as soluções apontadas, aquela que deverá impactar tão profundamente o trânsito que poderá ser considerada aquela que tem o potencial de resolver a questão, no longo prazo.
Fonte: Vias Seguras, EBC, Gazeta do Povo, ONSV, Jalopnik, Mashable, UOL
[Via BBA]
Esse vídeo de 30 segundos, que registra 30 de julho de 2014 como sendo a data da filmagem, foi publicado no YouTube em 19 de agosto e já possui mais de 4,4 milhões de visualizações.
De acordo com o Jalopnik (apud Mashable) o choque de uma moto na traseira de um carro, transformando o condutor da moto em surfista rodoviário involuntário, ocorreu em uma ponte próxima à cidade russa de Korolyov.
Essa colisão, de tão incrível, seria considerada uma armação pouco realista se fosse incluída em um filme de ação. Digna de uma produção "bollywoodiana". Porém não foi forjada. E infelizmente não é o desfecho normal desse tipo de acidente, especialmente por aqui.
Acidentes com moto no Brasil matam um Boeing 777 a cada 5 dias, ou seja, morrem, no mínimo, 40 motoqueiros todos os dias. As motocicletas representam em torno de 25% da frota total de veículos leves e pesados, porém respondem por 41% das mortes (16.240, do condutor; 2.667, do passageiro e 3.434, de pedestres).
Pilotar uma moto é duas vezes mais letal que dirigir um carro.
Assim, quando um piloto de motocicleta sobrevive a um acidente de modo tão espetacular é como se nascesse um heroi para o imaginário coletivo dos motofretistas e mototaxistas. Afinal, eles sabem que arriscam a vida todos os dias tentando ganhar a vida. E o veículo que dirigem não oferece a mínima proteção diante da velocidade que normalmente trafegam. Ao contrário, é o corpo desses profissionais (e também dos bikers amadores) que, por vezes, serve de proteção para esse meio de transporte.
[Vias Seguras] |
Os números no Brasil não são confiáveis, já que há uma grande divergência entre os números de mortes no trânsito fornecidos pelo Ministério da Saúde (através do DATASUS) e da autoridade de trânsito (Denatran, que forneceu um anuário estatístico até 2006), que se baseava nos boletins de ocorrência.
[EBC] |
Outra fonte, a Seguradora Líder, entidade gestora do seguro obrigatório DPVAT, nos fornece estatísticas referentes às indenizações pagas por morte. O que não corresponde ao número de óbitos ocorridos no ano, uma vez que alguns processos de indenização podem levar anos para serem pagos. A forma irregular da curva traduz unicamente a evolução dos processos administrativos de indenização, sem relação direta com a evolução do número de ocorrências.
[Gazeta do Povo] |
Conclui-se então que não sabemos ainda o tamanho do problema. Porém, de todo jeito que olharmos, a sensação é de que são números alarmantes. Isso vai de encontro ao preconizado na campanha da ONU "Década de Ação pelo Trânsito Seguro" (2011-2020). Sem conhecermos o tamanho do problema se torna bem mais difícil planejar ações educativas, de formação de condutores e fiscalização.
O que pode ser feito?
Uma das ações poderia ser a priorização, de fato, do transporte público. Apesar do número elevado de óbitos, dos gastos astronômicos com hospitais e dos custos previdenciários, o governo continua a estimular o uso de motocicletas (mirando, certamente, o aumento de empregos gerados pelas montadoras e o aumento de trabalhadores autônomos), facilitando, por exemplo, o financiamento nos bancos oficiais. Chega a ser mais barato pagar uma prestação no final do mês do que utilizar transporte público. Mais grave ainda é autorização para que motoqueiros circulem nos espaços virtuais entre duas filas de automóveis. O que a Folha (apud Espaço Humano) chamou de "corredor da morte".
Outra ação é investir em educação. O Observatório Nacional de Segurança Viária desenvolveu um treinamento destinado aos motociclistas eventuais e profissionais. O curso “Motociclista - Atitude Positiva” foi elaborado na modalidade de ensino a distância com a intenção é ampliar o conhecimento dos motociclistas sobre os acessórios obrigatórios, comportamento em situações de risco e situações adversas, dicas de frenagem (O que pode reduzir vícios como o mau hábito de usar apenas o freio traseiro na frenagem), transporte de cargas e pessoas, entre outras dicas de segurança.
Além dos cursos de EAR (sigla de "Exerce Atividade Remunerada", expressão que deve constar na carteira de condutores como motoristas de caminhão, de ônibus, taxistas, mototaxistas, motoboys, entregadores de pizzas, peças, produtos, entre outros) deveria haver também programas educativos nas escolas, além dos promovidos pelas entidades de classe.
A recuperação das vias também é uma atitude importante, pois as motos são muito mais vulneráveis às imperfeições e buracos nas pistas. Incluindo-se nesse rol as falhas na drenagem/escoamento de águas pluviais e limpeza das ruas.
Embora o capacete ainda seja o principal acessório de segurança, coletes infláveis importados já são ofertados no mercado nacional por um preço médio superior a R$ 2.000 (tendo jaquetas infláveis a partir de R$ 1.000).
A Honda lançou, no começo do mês, a primeira moto street (comum), de baixa cilindrada, com aplicação simultânea dos freios (Combi Brake), mesmo que o piloto acione somente o freio traseiro. É item de série nas CG 150 Titan 2015, cujos preços vão de R$ 7.680 a R$ 8.180. Em breve deve se estender a todas as CG.
O Brasil é o primeiro mercado a dispor desse equipamento pela dificuldade de mudanças de hábitos errados. Testes indicam que a distância de frenagem pode diminuir até 20% em relação a um moto sem o equipamento e conduzida de forma incorreta.
Há projetos de motos muito mais seguras sendo desenvolvidos, como este protótipo que possui cabine para os ocupantes e carga, além de não necessitar de apoio dos pés para não cair.
[BBA] |
Fonte: Vias Seguras, EBC, Gazeta do Povo, ONSV, Jalopnik, Mashable, UOL
[Via BBA]