Professor de química da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi escolhido como um dos dez brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos p...
Professor de química da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi escolhido como um dos dez brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Doutor em Química Analítica pela Universidade de São Paulo (USP) e lecionando química na UFG há cinco anos, o paranaense Wendell Coltro, 34, desenvolveu o projeto com alguns de seus alunos há cerca de um ano e meio.
Com o objetivo de reduzir drasticamente o custo de análises clínicas que investigariam, por exemplo, o diabetes, trigliceres, colesterol e ácido úrico, o projeto utiliza-se de uma folha de papel comum coberto com parafina e um carimbo metálico, só um pouco maior que uma moeda de um real, com o molde dos trajetos pelos quais o material, que poderia ser sangue ou urina, entre outros, a ser analisado irá percorrer.
Coltro começou sua pesquisa em 2010, quando o país passava por uma das maiores epidemias de dengue da história. Dessa forma, ele começou a imaginar um jeito de colocar seu conhecimentos de química para criar um método mais barato de realizar análises clínicas.
O carimbo, uma peça metálica usada para aquecer os papéis criando caminhos, custou cinquenta dólares (US$ 50). Com esse único carimbo já foram feitos mais de 10 mil "chips de papel" (também chamados de μPADs), relata o cientista. A denominação é uma referência aos chips de computadores, que também possuem diversos caminhos por onde percorrem as correntes elétricas com informações. Dessa forma, dividindo-se o total dos custos dos materiais pela quantidade de testes que é possível realizar, Coltro estima que cada ensaio clínico custe apenas um centavo de real (R$ 0,01).
Realizando os exames
Para fazer as análises basta aquecer a base do carimbo e pressioná-lo no papel por dois segundos (2s). Com o calor, a parafina derreterá e formará o contorno dos caminhos. Na extremidade coloca-se os diferentes tipos de reagentes, o que permitiria fazer oito exames simultaneamente.
A partir do momento que o material a ser analisado entrar em contato com esses reagentes, inicia-se a mudança de cor das substâncias.
Em ensaios feitos pela equipe, a precisão nos resultados foi superior a 90% sendo que em alguns casos, mais de 95%.
Para detectar a dengue, por exemplo, quando o soro está infectado, o anticorpo da doença se liga às substâncias presentes no papel e promove alteração na coloração, podendo ser avaliada visualmente ou analisada com câmera de celular. O método foi testado em hospitais de Goiás e conseguiu mostrar se um paciente estava ou não infectado.
Wendell foi considerado um dos dez brasileiros mais inovadores pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. O exame, vencedor de vários prêmios, está sendo negociado agora com empresas que o disponibilizem rapidamente no mercado. Sobre essa indicação ele declarou:
Coltro diz que não sabe quem indicou sua pesquisa ao MIT. Após esse primeiro contato anônimo, o instituto procurou o pesquisador e pediu para que ele enviasse o projeto no qual estava trabalhando para que fosse analisado e julgado.
Wendell aponta que o principal ator na evolução das pesquisas são os alunos, que, sem a concessão das bolsas, não teriam a mesma determinação para realizar experimentos. Ele acredita que a carreira científica pode se iniciar ainda no ensino médio e se prolongar por toda a vida profissional.
O estudo não seria possível sem a contribuição dos professores Dr. Emanuel Carrilho e Claudimir Lúcio do Lago, da USP. A pesquisa também se beneficiou da apresentação do uso do papel para ensaios clínicos feita grupo de pesquisa liderado pelo Prof. Dr. George Whitesides da Universidade de Harvard.
Fonte: G1, Veja, Tumblr do Planalto, MIT Technology Review
[Via BBA]
Doutor em Química Analítica pela Universidade de São Paulo (USP) e lecionando química na UFG há cinco anos, o paranaense Wendell Coltro, 34, desenvolveu o projeto com alguns de seus alunos há cerca de um ano e meio.
Com o objetivo de reduzir drasticamente o custo de análises clínicas que investigariam, por exemplo, o diabetes, trigliceres, colesterol e ácido úrico, o projeto utiliza-se de uma folha de papel comum coberto com parafina e um carimbo metálico, só um pouco maior que uma moeda de um real, com o molde dos trajetos pelos quais o material, que poderia ser sangue ou urina, entre outros, a ser analisado irá percorrer.
Coltro começou sua pesquisa em 2010, quando o país passava por uma das maiores epidemias de dengue da história. Dessa forma, ele começou a imaginar um jeito de colocar seu conhecimentos de química para criar um método mais barato de realizar análises clínicas.
O atendimento à saúde é precário no Brasil e as pessoas morrem sem ter um diagnóstico. Com criatividade, criamos um método barato que pode ser usado para servir melhor a população.
Wendell Coltro, professor de química, em entrevista à Veja
O carimbo, uma peça metálica usada para aquecer os papéis criando caminhos, custou cinquenta dólares (US$ 50). Com esse único carimbo já foram feitos mais de 10 mil "chips de papel" (também chamados de μPADs), relata o cientista. A denominação é uma referência aos chips de computadores, que também possuem diversos caminhos por onde percorrem as correntes elétricas com informações. Dessa forma, dividindo-se o total dos custos dos materiais pela quantidade de testes que é possível realizar, Coltro estima que cada ensaio clínico custe apenas um centavo de real (R$ 0,01).
Realizando os exames
Para fazer as análises basta aquecer a base do carimbo e pressioná-lo no papel por dois segundos (2s). Com o calor, a parafina derreterá e formará o contorno dos caminhos. Na extremidade coloca-se os diferentes tipos de reagentes, o que permitiria fazer oito exames simultaneamente.
Basta colocar uma gota de sangue ou urina no centro do papel (1) que ela irá percorrer as trilhas deixadas pelo carimbo (2) e chegará até os reservatórios com os reagentes (3).
Wendell Coltro em entrevista ao G1
A partir do momento que o material a ser analisado entrar em contato com esses reagentes, inicia-se a mudança de cor das substâncias.
A partir da tonalidade dessas cores, é possível fazer o diagnóstico dos elementos analisados. Assim, não é necessário mais coletar tubos com 10 mililitros de sangue para fazer os testes, pois com uma gota de sangue é possível fazer até oito ensaios.
Em ensaios feitos pela equipe, a precisão nos resultados foi superior a 90% sendo que em alguns casos, mais de 95%.
O objetivo é que o projeto chegue até o Ministério da Saúde e que ele seja distribuído para essas regiões distantes, que sofrem com condições precárias de saúde.
Para detectar a dengue, por exemplo, quando o soro está infectado, o anticorpo da doença se liga às substâncias presentes no papel e promove alteração na coloração, podendo ser avaliada visualmente ou analisada com câmera de celular. O método foi testado em hospitais de Goiás e conseguiu mostrar se um paciente estava ou não infectado.
Uma das grandes vantagens, sem dúvidas, é o tempo de análise. Dependendo do ensaio, a rapidez pode ser interessante para auxiliar o médico ou uma equipe médica a tomar uma decisão de intervenção cirúrgica ou mudança em um tratamento específico. Por exemplo, nas unidades médicas móveis um kit contendo esses produtos poderia ser rapidamente utilizado para acessar o estado clínico do paciente no caminho até o hospital.
Wendell Coltro para o Tumblr do Palácio do Planalto
Wendell foi considerado um dos dez brasileiros mais inovadores pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. O exame, vencedor de vários prêmios, está sendo negociado agora com empresas que o disponibilizem rapidamente no mercado. Sobre essa indicação ele declarou:
É algo indescritível. Estou bastante honrado e orgulhoso do trabalho que desenvolvemos.
Coltro diz que não sabe quem indicou sua pesquisa ao MIT. Após esse primeiro contato anônimo, o instituto procurou o pesquisador e pediu para que ele enviasse o projeto no qual estava trabalhando para que fosse analisado e julgado.
Se eu encontrasse quem fez a indicação, eu agradeceria e diria que fiquei muito honrado por ser lembrado pela pesquisa que desenvolvemos.
Wendell aponta que o principal ator na evolução das pesquisas são os alunos, que, sem a concessão das bolsas, não teriam a mesma determinação para realizar experimentos. Ele acredita que a carreira científica pode se iniciar ainda no ensino médio e se prolongar por toda a vida profissional.
As possibilidades atuais para atuar na carreira científica são muito melhores do que o período que eu era universitário.
O estudo não seria possível sem a contribuição dos professores Dr. Emanuel Carrilho e Claudimir Lúcio do Lago, da USP. A pesquisa também se beneficiou da apresentação do uso do papel para ensaios clínicos feita grupo de pesquisa liderado pelo Prof. Dr. George Whitesides da Universidade de Harvard.
Fonte: G1, Veja, Tumblr do Planalto, MIT Technology Review
[Via BBA]