Por que algumas pessoas têm mais dificuldade em manter o peso? A psicóloga social Emily Balcetis mostra pesquisas que abrangem um dos muitos...
Por que algumas pessoas têm mais dificuldade em manter o peso? A psicóloga social Emily Balcetis mostra pesquisas que abrangem um dos muitos fatores: a visão. Em uma palestra informativa, ela mostra que, quando se trata de estar em forma, algumas pessoas podem literalmente ver o mundo diferentemente das outras e oferece uma solução surpreendentemente simples para superarmos essas diferenças.
A visão é o sentido mais importante e priorizado que nós temos. Nós estamos constantemente olhando para o mundo ao nosso redor, e rapidamente nós identificamos e analisamos o que é que estamos vendo.
Vamos começar com um exemplo desse exato fato. Vou mostrar uma fotografia de uma pessoa, por apenas um ou dois segundos, e eu gostaria que vocês identificassem que emoção está em seu rosto. Prontos? Aqui vai. Vão pelo seu instinto. Certo. O que vocês veem?
Bom, nós na verdade perguntamos a mais de 120 pessoas, e os resultados foram variados. As pessoas não concordaram em qual emoção viram no rosto dele. Talvez você tenha visto desconforto. E essa foi a resposta mais frequente que nós recebemos. Mas se perguntasse à pessoa à sua esquerda, ela poderia ter dito arrependimento ou ceticismo, e se perguntasse à pessoa à sua direita, ela poderia ter dito algo completamente diferente, como esperança ou empatia. Então nós estamos todos olhando para o mesmo rosto de novo. E nós talvez vejamos algo inteiramente diferente, pois a percepção é subjetiva. O que nós pensamos que vemos é na verdade filtrado através da visão das nossas mentes.
É claro, há muitos outros exemplos de como vemos o mundo pela visão das nossas mentes. Vou mostrar alguns. Então, por exemplo, pessoas em dietas percebem as maçãs maiores do que as pessoas que não estão contando calorias.
Jogadores de softball percebem a bola menor se eles acabaram de cair, comparados a pessoas que se deram bem na base. E, na verdade, as nossas crenças políticas também podem afetar o nosso modo de ver as pessoas, incluindo políticos. Minha equipe de pesquisa e eu decidimos testar essa pergunta. Em 2008, Barack Obama era candidato a presidente pela primeira vez, e nós perguntamos a centenas de americanos um mês antes da eleição. O que descobrimos na pesquisa foi que algumas pessoas, alguns americanos, acham que fotografias como estas refletem melhor a aparência real do Obama. Dessas pessoas, 75% votaram no Obama na eleição. Outras pessoas, porém, acharam que fotografias como estas refletem melhor a aparência real do Obama. 89% dessas pessoas votaram no McCain. Nós apresentamos muitas fotografias do Obama, uma de cada vez, para que as pessoas não notassem que a diferença de uma foto para a outra era que nós tínhamos clareado ou escurecido o seu tom de pele artificialmente.
Então como isso é possível? Como é possível que ao olhar para uma pessoa, um objeto, ou um evento, eu veja algo bem diferente do que outra pessoa vê? Bom, há muitas razões, mas uma razão requer que entendamos um pouco melhor o funcionamento de nossos olhos. Então os cientistas da visão sabem que a quantidade de informação que nós podemos ver em um determinado momento, o que podemos focar é relativamente pouco. O que podemos ver com boa precisão e clareza e exatidão é o equivalente ao tamanho do nosso dedão com o nosso braço esticado. Todo o resto em volta é embaçado, tornando ambíguo muito do que é apresentado aos nossos olhos. Mas nós temos que esclarecer e dar sentido àquilo que nós vemos, e é a nossa mente que nos ajuda a preencher esse espaço. Consequentemente, a percepção é uma experiência subjetiva, e é assim que acabamos vendo através da visão da nossa mente.
Eu sou uma psicóloga social, e são perguntas como essas que realmente me intrigam. Fico fascinada com estes casos quando as pessoas não concordam sobre o que veem. Por que acontece de alguém literalmente ver o copo meio cheio, enquanto outra pessoa literalmente o vê meio vazio? Qual é a parte do que as pessoas sentem e pensam que as leva a ver o mundo de maneira completamente diferente? E isso importa? Para começar a responder essas perguntas, minha equipe de pesquisa e eu decidimos mergulhar fundo em um assunto que recebeu atenção internacional: a nossa saúde e condição física. Em todo o mundo, as pessoas estão lutando para controlar o seu peso, e existe uma série de estratégias que nos ajudam a evitar os quilos extras. Por exemplo, nós temos a melhor das intenções de fazer exercício depois das festas de fim de ano, mas na verdade, a maioria dos americanos percebe que as suas resoluções de ano novo já foram quebradas na metade de fevereiro. Nós falamos com nós mesmos de formas muito encorajadoras, dizendo que esse é o nosso ano para voltar à forma, mas não é suficiente para nos fazer voltar ao nosso peso ideal. Então por quê? É claro, não há uma resposta simples, mas uma razão, eu acredito, é que a visão da nossa mente pode funcionar contra nós. Algumas pessoas literalmente podem ver o exercício como mais difícil, e algumas pessoas literalmente podem ver o exercício como mais fácil.
Então, como um primeiro passo para testar essas perguntas, nós reunimos medidas objetivas da condição física de indivíduos. Medimos a circunferência das suas cinturas comparada à circunferência dos seus quadris. Uma proporção maior entre cintura e quadril indica estar em pior forma do que uma proporção menor entre cintura e quadril. depois de tirar essas medidas, nós pedimos aos participantes que andassem até uma linha de chegada carregando peso extra em um tipo de corrida. Mas antes de fazerem isso, nós pedimos que estimassem a distância até a linha de chegada. Pensamos que os estados físicos de seus corpos poderiam mudar a forma come eles percebem a distância. Então o que nós encontramos? Bom, a proporção entre cintura e quadril prevê as percepções de distância. Pessoas fora de forma perceberam a distância até a linha de chegada como significativamente maior do que quem estava em melhor forma. O estado do corpo de cada pessoa mudou a maneira como ela percebeu o ambiente. Mas nossa mente também pode fazer isso. De fato, os nossos corpos e mentes trabalham em cooperação para mudar a forma como vemos o mundo ao nosso redor.
Isso nos levou a pensar que talvez pessoas com fortes motivações e fortes objetivos para o exercício poderiam ver a linha de chegada como mais próxima que as pessoas com motivações mais fracas. Então para testar se as motivações afetam as nossas experiências perceptivas dessa forma, nós conduzimos um segundo estudo. De novo, reunimos medidas objetivas da condição física das pessoas, medindo a circunferência das suas cinturas e a circunferência de seus quadris, e pedimos que fizessem outros testes físicos. Baseados no feedback que lhes demos, alguns dos participantes nos disseram que não tinham mais motivação para se exercitarem. Sentiam como se já tivessem atingido seus objetivos e não iriam fazer mais nada. Essas pessoas não estavam motivadas. Outros, porém, baseados no nosso feedback, alegaram estar muito motivados a se exercitarem. Tinham um forte objetivo de chegar à linha de chegada. Mas novamente, antes que andassem até a linha de chegada, pedimos que estimassem a que distância estavam da linha de chegada. E, novamente, como no estudo anterior, descobrimos que a proporção entre cintura e quadril previa as percepções de distância. Indivíduos fora de forma viam a distância como sendo maior, viam a linha de chegada mais distante que as pessoas em melhor forma. O importante, porém, é que isso apenas aconteceu com pessoas que não estavam motivadas a se exercitarem. Por outro lado, as pessoas que estavam muito motivadas a se exercitarem viam a distância como curta. Até os indivíduos mais fora de forma viam a linha de chegada, tão perto quanto, se não mais perto, que as pessoas que estava em melhor forma.
Então os nossos corpos podem mudar a distância aparente até a linha de chegada, mas as pessoas que haviam se comprometido a um objetivo alcançável, que poderiam cumpri-lo em curto prazo e que acreditavam ser capazes de alcançá-lo viam o exercício como mais fácil. Isso nos levou a pensar: será que existe uma estratégia que poderíamos usar e ensinar às pessoas, que ajudaria a mudar suas percepções de distância, a fazer o exercício parecer mais fácil?
Então, nós buscamos na literatura da ciência da visão para saber o que deveríamos fazer, e baseados no que lemos, desenvolvemos uma estratégia que chamamos de "mantenha os olhos no prêmio." Então este não é o slogan de um pôster inspirador. É uma diretiva real para enxergar seus arredores. As pessoas que treinamos com essa estratégia, dissemos a elas para colocarem sua atenção na linha de chegada, para evitar olhar em volta, e imaginar um holofote brilhando naquele objetivo e que tudo mais ao redor estivesse embaçado e talvez difícil de ver. Nós achamos que essa estratégia ajudaria a fazer o exercício parecer mais fácil. Nós comparamos esse grupo a um grupo base. A esse grupo nós dissemos apenas para olhar o ambiente em volta naturalmente; notar a linha de chegada, mas também notar a lata de lixo no canto direito, ou as pessoas e o poste no canto esquerdo. Achamos que as pessoas que usavam essa estratégia viriam a distância como maior.
Então o que percebemos? Quando pedimos para estimarem a distância, será que essa estratégia teve sucesso em mudar a experiência perceptiva? Sim. As pessoas que mantiveram os olhos no prêmio viram a linha de chegada como 30% mais perto que as pessoas que olharam em volta como fariam naturalmente. Nós achamos ótimo. Ficamos muito contentes, pois significava que a estratégia ajudou a fazer o exercício parecer mais fácil, mas a grande pergunta foi: será que isso poderia tornar o exercício realmente melhor? Será que poderia também melhorar a qualidade do exercício?
Depois nós dissemos aos participantes para andarem até a linha de chegada usando pesos extras. E adicionamos pesos aos seus calcanhares equivalentes a 15% do peso de cada pessoa. Dissemos para levantarem os joelhos e andarem até a linha de chegada rapidamente. Planejamos esse exercício específico para ser moderadamente desafiador, mas não impossível, como a maioria dos exercícios que melhoram a nossa condição física.
Então a grande pergunta: será que manter os olhos no prêmio e focar apenas a linha de chegada mudou a experiência do exercício? Sim. As pessoas que mantiveram os olhos no prêmio nos disseram depois que foi necessário 17% menos esforço para que se exercitassem do que as pessoas que olharam em volta naturalmente. Mudou a experiência subjetiva do exercício. Também mudou a natureza objetiva do exercício. Os que mantiveram os olhos no prêmio se movimentaram 23% mais rápido que as pessoas que olharam em volta naturalmente. Para pôr isso em perspectiva, um aumento de 23% é como trocar o seu Chevette Citation 1980 por um Chevrolet Corvette 1980.
Nós ficamos muito contentes com isso, porque significou que um estratégia que custa nada, que é fácil para as pessoas usarem, independente de estarem em forma ou se esforçando para chegar lá, teve um grande efeito. Manter os olhos no prêmio fez o exercício parecer e dar a sensação de ser mais fácil, mesmo quando as pessoas trabalhavam mais duro, pois elas se moviam mais rápido. Agora, eu sei que, para uma boa saúde, é necessário mais do que apenas andar um pouquinho mais rápido, mas manter os seus olhos no prêmio pode ser uma estratégia adicional para ajudar a promover um estilo de vida saudável.
Se ainda não estiverem convencidos que nós todos vemos o mundo pela visão da mente, deixem-me mostrá-los um último exemplo. Esta é uma foto de uma bonita rua, em Estocolmo, com dois carros. O carro de trás parece muito maior do que o carro da frente. Porém, na realidade, esses carros são do mesmo tamanho, mas não é assim que nós vemos. Então será que isso significa que nossos olhos não funcionam bem e que nossos cérebros são uma bagunça? Não, nem um pouco. É só a maneira como os nossos olhos funcionam. Nós podemos ver o mundo de maneiras diferentes, e às vezes isso pode não condizer com a realidade, mas não significa que um de nós está certo e o outro errado. Nós vemos o mundo pela visão da mente, mas podemos nos ensinar a vê-lo de forma diferente.
Eu posso pensar em dias que correram terrivelmente para mim. Eu estou sobrecarregada, estou ranzinza, cansada, e muito atrasada, e há uma grande nuvem preta pairando sobre a minha cabeça e em dias como esse, parece que todos à minha volta estão no fundo do poço também. Meu colega parece irritado quando eu peço uma extensão de prazo, e o meu amigo parece frustrado quando chego atrasada para almoçar porque uma reunião demorou, e no fim do dia, meu marido parece desapontado, pois eu prefiro ir dormir a ir ao cinema. E em dias como esses, quando todos parecem chateados e bravos comigo, eu tento lembrar que há outras maneira de encará-los. Talvez o meu colega estivesse confuso, talvez meu amigo estivesse preocupado, e talvez o meu marido estivesse sentindo empatia. Então nós todos vemos o mundo através da visão da nossa mente, e em alguns dias, o mundo pode parecer um lugar perigoso, desafiador e insuperável, mas não tem que parecer assim o tempo todo. Podemos aprender a vê-lo de forma diferente, e quando encontramos um jeito de fazer o mundo parecer mais legal e mais fácil, talvez ele de fato se torne assim.
Obrigada.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Via BBA]
A visão é o sentido mais importante e priorizado que nós temos. Nós estamos constantemente olhando para o mundo ao nosso redor, e rapidamente nós identificamos e analisamos o que é que estamos vendo.
Vamos começar com um exemplo desse exato fato. Vou mostrar uma fotografia de uma pessoa, por apenas um ou dois segundos, e eu gostaria que vocês identificassem que emoção está em seu rosto. Prontos? Aqui vai. Vão pelo seu instinto. Certo. O que vocês veem?
Bom, nós na verdade perguntamos a mais de 120 pessoas, e os resultados foram variados. As pessoas não concordaram em qual emoção viram no rosto dele. Talvez você tenha visto desconforto. E essa foi a resposta mais frequente que nós recebemos. Mas se perguntasse à pessoa à sua esquerda, ela poderia ter dito arrependimento ou ceticismo, e se perguntasse à pessoa à sua direita, ela poderia ter dito algo completamente diferente, como esperança ou empatia. Então nós estamos todos olhando para o mesmo rosto de novo. E nós talvez vejamos algo inteiramente diferente, pois a percepção é subjetiva. O que nós pensamos que vemos é na verdade filtrado através da visão das nossas mentes.
É claro, há muitos outros exemplos de como vemos o mundo pela visão das nossas mentes. Vou mostrar alguns. Então, por exemplo, pessoas em dietas percebem as maçãs maiores do que as pessoas que não estão contando calorias.
Jogadores de softball percebem a bola menor se eles acabaram de cair, comparados a pessoas que se deram bem na base. E, na verdade, as nossas crenças políticas também podem afetar o nosso modo de ver as pessoas, incluindo políticos. Minha equipe de pesquisa e eu decidimos testar essa pergunta. Em 2008, Barack Obama era candidato a presidente pela primeira vez, e nós perguntamos a centenas de americanos um mês antes da eleição. O que descobrimos na pesquisa foi que algumas pessoas, alguns americanos, acham que fotografias como estas refletem melhor a aparência real do Obama. Dessas pessoas, 75% votaram no Obama na eleição. Outras pessoas, porém, acharam que fotografias como estas refletem melhor a aparência real do Obama. 89% dessas pessoas votaram no McCain. Nós apresentamos muitas fotografias do Obama, uma de cada vez, para que as pessoas não notassem que a diferença de uma foto para a outra era que nós tínhamos clareado ou escurecido o seu tom de pele artificialmente.
Então como isso é possível? Como é possível que ao olhar para uma pessoa, um objeto, ou um evento, eu veja algo bem diferente do que outra pessoa vê? Bom, há muitas razões, mas uma razão requer que entendamos um pouco melhor o funcionamento de nossos olhos. Então os cientistas da visão sabem que a quantidade de informação que nós podemos ver em um determinado momento, o que podemos focar é relativamente pouco. O que podemos ver com boa precisão e clareza e exatidão é o equivalente ao tamanho do nosso dedão com o nosso braço esticado. Todo o resto em volta é embaçado, tornando ambíguo muito do que é apresentado aos nossos olhos. Mas nós temos que esclarecer e dar sentido àquilo que nós vemos, e é a nossa mente que nos ajuda a preencher esse espaço. Consequentemente, a percepção é uma experiência subjetiva, e é assim que acabamos vendo através da visão da nossa mente.
Eu sou uma psicóloga social, e são perguntas como essas que realmente me intrigam. Fico fascinada com estes casos quando as pessoas não concordam sobre o que veem. Por que acontece de alguém literalmente ver o copo meio cheio, enquanto outra pessoa literalmente o vê meio vazio? Qual é a parte do que as pessoas sentem e pensam que as leva a ver o mundo de maneira completamente diferente? E isso importa? Para começar a responder essas perguntas, minha equipe de pesquisa e eu decidimos mergulhar fundo em um assunto que recebeu atenção internacional: a nossa saúde e condição física. Em todo o mundo, as pessoas estão lutando para controlar o seu peso, e existe uma série de estratégias que nos ajudam a evitar os quilos extras. Por exemplo, nós temos a melhor das intenções de fazer exercício depois das festas de fim de ano, mas na verdade, a maioria dos americanos percebe que as suas resoluções de ano novo já foram quebradas na metade de fevereiro. Nós falamos com nós mesmos de formas muito encorajadoras, dizendo que esse é o nosso ano para voltar à forma, mas não é suficiente para nos fazer voltar ao nosso peso ideal. Então por quê? É claro, não há uma resposta simples, mas uma razão, eu acredito, é que a visão da nossa mente pode funcionar contra nós. Algumas pessoas literalmente podem ver o exercício como mais difícil, e algumas pessoas literalmente podem ver o exercício como mais fácil.
Então, como um primeiro passo para testar essas perguntas, nós reunimos medidas objetivas da condição física de indivíduos. Medimos a circunferência das suas cinturas comparada à circunferência dos seus quadris. Uma proporção maior entre cintura e quadril indica estar em pior forma do que uma proporção menor entre cintura e quadril. depois de tirar essas medidas, nós pedimos aos participantes que andassem até uma linha de chegada carregando peso extra em um tipo de corrida. Mas antes de fazerem isso, nós pedimos que estimassem a distância até a linha de chegada. Pensamos que os estados físicos de seus corpos poderiam mudar a forma come eles percebem a distância. Então o que nós encontramos? Bom, a proporção entre cintura e quadril prevê as percepções de distância. Pessoas fora de forma perceberam a distância até a linha de chegada como significativamente maior do que quem estava em melhor forma. O estado do corpo de cada pessoa mudou a maneira como ela percebeu o ambiente. Mas nossa mente também pode fazer isso. De fato, os nossos corpos e mentes trabalham em cooperação para mudar a forma como vemos o mundo ao nosso redor.
Isso nos levou a pensar que talvez pessoas com fortes motivações e fortes objetivos para o exercício poderiam ver a linha de chegada como mais próxima que as pessoas com motivações mais fracas. Então para testar se as motivações afetam as nossas experiências perceptivas dessa forma, nós conduzimos um segundo estudo. De novo, reunimos medidas objetivas da condição física das pessoas, medindo a circunferência das suas cinturas e a circunferência de seus quadris, e pedimos que fizessem outros testes físicos. Baseados no feedback que lhes demos, alguns dos participantes nos disseram que não tinham mais motivação para se exercitarem. Sentiam como se já tivessem atingido seus objetivos e não iriam fazer mais nada. Essas pessoas não estavam motivadas. Outros, porém, baseados no nosso feedback, alegaram estar muito motivados a se exercitarem. Tinham um forte objetivo de chegar à linha de chegada. Mas novamente, antes que andassem até a linha de chegada, pedimos que estimassem a que distância estavam da linha de chegada. E, novamente, como no estudo anterior, descobrimos que a proporção entre cintura e quadril previa as percepções de distância. Indivíduos fora de forma viam a distância como sendo maior, viam a linha de chegada mais distante que as pessoas em melhor forma. O importante, porém, é que isso apenas aconteceu com pessoas que não estavam motivadas a se exercitarem. Por outro lado, as pessoas que estavam muito motivadas a se exercitarem viam a distância como curta. Até os indivíduos mais fora de forma viam a linha de chegada, tão perto quanto, se não mais perto, que as pessoas que estava em melhor forma.
Então os nossos corpos podem mudar a distância aparente até a linha de chegada, mas as pessoas que haviam se comprometido a um objetivo alcançável, que poderiam cumpri-lo em curto prazo e que acreditavam ser capazes de alcançá-lo viam o exercício como mais fácil. Isso nos levou a pensar: será que existe uma estratégia que poderíamos usar e ensinar às pessoas, que ajudaria a mudar suas percepções de distância, a fazer o exercício parecer mais fácil?
Então, nós buscamos na literatura da ciência da visão para saber o que deveríamos fazer, e baseados no que lemos, desenvolvemos uma estratégia que chamamos de "mantenha os olhos no prêmio." Então este não é o slogan de um pôster inspirador. É uma diretiva real para enxergar seus arredores. As pessoas que treinamos com essa estratégia, dissemos a elas para colocarem sua atenção na linha de chegada, para evitar olhar em volta, e imaginar um holofote brilhando naquele objetivo e que tudo mais ao redor estivesse embaçado e talvez difícil de ver. Nós achamos que essa estratégia ajudaria a fazer o exercício parecer mais fácil. Nós comparamos esse grupo a um grupo base. A esse grupo nós dissemos apenas para olhar o ambiente em volta naturalmente; notar a linha de chegada, mas também notar a lata de lixo no canto direito, ou as pessoas e o poste no canto esquerdo. Achamos que as pessoas que usavam essa estratégia viriam a distância como maior.
Então o que percebemos? Quando pedimos para estimarem a distância, será que essa estratégia teve sucesso em mudar a experiência perceptiva? Sim. As pessoas que mantiveram os olhos no prêmio viram a linha de chegada como 30% mais perto que as pessoas que olharam em volta como fariam naturalmente. Nós achamos ótimo. Ficamos muito contentes, pois significava que a estratégia ajudou a fazer o exercício parecer mais fácil, mas a grande pergunta foi: será que isso poderia tornar o exercício realmente melhor? Será que poderia também melhorar a qualidade do exercício?
Depois nós dissemos aos participantes para andarem até a linha de chegada usando pesos extras. E adicionamos pesos aos seus calcanhares equivalentes a 15% do peso de cada pessoa. Dissemos para levantarem os joelhos e andarem até a linha de chegada rapidamente. Planejamos esse exercício específico para ser moderadamente desafiador, mas não impossível, como a maioria dos exercícios que melhoram a nossa condição física.
Então a grande pergunta: será que manter os olhos no prêmio e focar apenas a linha de chegada mudou a experiência do exercício? Sim. As pessoas que mantiveram os olhos no prêmio nos disseram depois que foi necessário 17% menos esforço para que se exercitassem do que as pessoas que olharam em volta naturalmente. Mudou a experiência subjetiva do exercício. Também mudou a natureza objetiva do exercício. Os que mantiveram os olhos no prêmio se movimentaram 23% mais rápido que as pessoas que olharam em volta naturalmente. Para pôr isso em perspectiva, um aumento de 23% é como trocar o seu Chevette Citation 1980 por um Chevrolet Corvette 1980.
Nós ficamos muito contentes com isso, porque significou que um estratégia que custa nada, que é fácil para as pessoas usarem, independente de estarem em forma ou se esforçando para chegar lá, teve um grande efeito. Manter os olhos no prêmio fez o exercício parecer e dar a sensação de ser mais fácil, mesmo quando as pessoas trabalhavam mais duro, pois elas se moviam mais rápido. Agora, eu sei que, para uma boa saúde, é necessário mais do que apenas andar um pouquinho mais rápido, mas manter os seus olhos no prêmio pode ser uma estratégia adicional para ajudar a promover um estilo de vida saudável.
Se ainda não estiverem convencidos que nós todos vemos o mundo pela visão da mente, deixem-me mostrá-los um último exemplo. Esta é uma foto de uma bonita rua, em Estocolmo, com dois carros. O carro de trás parece muito maior do que o carro da frente. Porém, na realidade, esses carros são do mesmo tamanho, mas não é assim que nós vemos. Então será que isso significa que nossos olhos não funcionam bem e que nossos cérebros são uma bagunça? Não, nem um pouco. É só a maneira como os nossos olhos funcionam. Nós podemos ver o mundo de maneiras diferentes, e às vezes isso pode não condizer com a realidade, mas não significa que um de nós está certo e o outro errado. Nós vemos o mundo pela visão da mente, mas podemos nos ensinar a vê-lo de forma diferente.
Eu posso pensar em dias que correram terrivelmente para mim. Eu estou sobrecarregada, estou ranzinza, cansada, e muito atrasada, e há uma grande nuvem preta pairando sobre a minha cabeça e em dias como esse, parece que todos à minha volta estão no fundo do poço também. Meu colega parece irritado quando eu peço uma extensão de prazo, e o meu amigo parece frustrado quando chego atrasada para almoçar porque uma reunião demorou, e no fim do dia, meu marido parece desapontado, pois eu prefiro ir dormir a ir ao cinema. E em dias como esses, quando todos parecem chateados e bravos comigo, eu tento lembrar que há outras maneira de encará-los. Talvez o meu colega estivesse confuso, talvez meu amigo estivesse preocupado, e talvez o meu marido estivesse sentindo empatia. Então nós todos vemos o mundo através da visão da nossa mente, e em alguns dias, o mundo pode parecer um lugar perigoso, desafiador e insuperável, mas não tem que parecer assim o tempo todo. Podemos aprender a vê-lo de forma diferente, e quando encontramos um jeito de fazer o mundo parecer mais legal e mais fácil, talvez ele de fato se torne assim.
Obrigada.
(Aplausos)
Fonte: TED
[Via BBA]