Perturbador, violento. Mas ao mesmo tempo politizado e engajado. Uma das raras continuações que provavelmente vai superar o primeiro título ...
Perturbador, violento. Mas ao mesmo tempo politizado e engajado. Uma das raras continuações que provavelmente vai superar o primeiro título da série.
Após ver a pré-estreia de Tropa de Elite 2 o comentarista de Cinema, Marcos Petrucelli vaticinou:
O primeiro realmente foi um filme arrebatador. Daqueles de conquistar corações e consciências. Converteu o personagem Capitão Nascimento a um ícone pop e criou uma nova classe de herois, onde a polícia deixou a condição de "macacos" que corriam atrás de "Lampiões", glamurizados pela mídia e pelos cordéis, para uma espécie de Liga da Justiça, pelo menos o BOPE da polícia do Rio.
E assim as crianças e, porque não, os adolescentes podiam de novo sonhar em ser policiais e bombeiros, algo que estava ficando meio démodé.
Depois do filme Tropa de Elite, ficou in novamente ser do lado da polícia. Já que a polícia do bem também era "braba".
Afinal, qual jovem não gostaria de ser e seguir um alpha?
Wagner Moura, que já fez uma personagem feminina em "Sexo Frágil", conseguiu aglutinar em seu personagem o heroi complexo, corajoso, honesto e intenso. Liderando, indo na frente, desbravando as vielas das favelas e lendo entre os anônimos quem era bandido e quem era "do bem".
Tudo muito simples. Sem aquela complexidade acadêmica de ter que entender onde é que a educação causou a violência. Em uma corrente de elos de causa-efeito cartesianamente combinada.
Nada disso. Era só falar para os despreparados policiais do policiamento ostensivo "ninguém sobe" e hollywoodianamente seus problemas se acabavam.
O negócio era ser mau como um Cavaleiro das Trevas. "Pede para sair!" Gritava Nascimento para um covarde e corrupto policial que teve a má sorte de participar do treinamento do BOPE sem ter superpoderes.
Mas fazer com que os adolescentes optassem por ser novamente CTs nos jogos de Counter-Strike tem seu preço. O Diretor José Padilha já foi acusado de ser (radical) de esquerda ao realizar o documentário Ônibus 174, e depois do Tropa de Elite passou a ser tachado como sendo de "direita".
E para aqueles que achavam que Tropa de Elite simplificava muito a questão pode gostar mais do Tropa de Elite 2, já que tem como subtítulo "O Inimigo Agora É Outro".
O Nascimento nessa continuação torna-se uma espécie de sub-secretário de segurança e passa a conviver com a burocracia dos tomadores de decisão. Assim, o inimigo em questão passa a ser o sistema, o governo, os políticos de maneira geral.
Tem como ser mais emaranhado do que isso? Assim, o maniqueísmo do primeiro filme dá lugar a uma trama onde ninguém é inocente.
Uma grande preocupação da produção, desde o primeiro filme, era tornar tudo o mais verossímil possível, principalmente no elenco, assim, segundo o diretor José Padilha, os atores foram divididos em núcleos: os policiais corruptos, o Bope, os estudantes da PUC, os traficantes etc. Para fazer a preparação foi trazido pessoas do mundo real para isso. Havia policiais do BOPE para preparar o núcleo do BOPE. Policiais corruptos para preparar o núcleo dos policiais corruptos etc.
Além disso, boa parte dos figurantes e coadjuvantes eram policiais de verdade cumprindo as funções que eles realmente cumpriam. O caveirão, veículo blindado usado pelo BOPE nas incursões nas favelas, era o próprio veículo (e não uma réplica). O helicóptero usado nas filmagens é realmente um helicóptero usado pela Polícia Civil do Rio etc.
Outra grande preocupação foi com a pirataria, desde o roteiro até a pós-produção, Tropa de Elite 2 teve o sigilo cuidadosamente planejado. Até na pré-estreia em Paulínia, município de São Paulo que ajudou a patrocinar o filme, foi proibido entrar com celulares e equipamentos eletrônicos e toda plateia foi revistada com detectores de metal.
Destarte, o filme pode contaminar o debate político do segundo turno das eleições presidenciais. Sai o continuísmo de Dilma, a saúde de Serra, o verde de Marina e entra a violência urbana de Padilha.
Afinal, Zé Padilha acredita "no cinema político, em que a gente faz o filme e ele interfere na realidade".
Após ver a pré-estreia de Tropa de Elite 2 o comentarista de Cinema, Marcos Petrucelli vaticinou:
O filme brasileiro da década.
Marcos Petrucelli. Colunista da Rádio CBN
O primeiro realmente foi um filme arrebatador. Daqueles de conquistar corações e consciências. Converteu o personagem Capitão Nascimento a um ícone pop e criou uma nova classe de herois, onde a polícia deixou a condição de "macacos" que corriam atrás de "Lampiões", glamurizados pela mídia e pelos cordéis, para uma espécie de Liga da Justiça, pelo menos o BOPE da polícia do Rio.
E assim as crianças e, porque não, os adolescentes podiam de novo sonhar em ser policiais e bombeiros, algo que estava ficando meio démodé.
Depois do filme Tropa de Elite, ficou in novamente ser do lado da polícia. Já que a polícia do bem também era "braba".
Afinal, qual jovem não gostaria de ser e seguir um alpha?
Wagner Moura, que já fez uma personagem feminina em "Sexo Frágil", conseguiu aglutinar em seu personagem o heroi complexo, corajoso, honesto e intenso. Liderando, indo na frente, desbravando as vielas das favelas e lendo entre os anônimos quem era bandido e quem era "do bem".
Tem gente que tem jeito para coisa. E o Wagner é desses camaradas que tem jeito para coisa.
José Padilha. Diretor
Tudo muito simples. Sem aquela complexidade acadêmica de ter que entender onde é que a educação causou a violência. Em uma corrente de elos de causa-efeito cartesianamente combinada.
Nada disso. Era só falar para os despreparados policiais do policiamento ostensivo "ninguém sobe" e hollywoodianamente seus problemas se acabavam.
O negócio era ser mau como um Cavaleiro das Trevas. "Pede para sair!" Gritava Nascimento para um covarde e corrupto policial que teve a má sorte de participar do treinamento do BOPE sem ter superpoderes.
Mas fazer com que os adolescentes optassem por ser novamente CTs nos jogos de Counter-Strike tem seu preço. O Diretor José Padilha já foi acusado de ser (radical) de esquerda ao realizar o documentário Ônibus 174, e depois do Tropa de Elite passou a ser tachado como sendo de "direita".
E para aqueles que achavam que Tropa de Elite simplificava muito a questão pode gostar mais do Tropa de Elite 2, já que tem como subtítulo "O Inimigo Agora É Outro".
O Nascimento nessa continuação torna-se uma espécie de sub-secretário de segurança e passa a conviver com a burocracia dos tomadores de decisão. Assim, o inimigo em questão passa a ser o sistema, o governo, os políticos de maneira geral.
Tem como ser mais emaranhado do que isso? Assim, o maniqueísmo do primeiro filme dá lugar a uma trama onde ninguém é inocente.
A gente tinha policiais corruptos preparando o elenco dos policiais corruptos. A gente tinha policiais do BOPE preparando o elenco dos policiais do BOPE.
José Padilha. Diretor
Uma grande preocupação da produção, desde o primeiro filme, era tornar tudo o mais verossímil possível, principalmente no elenco, assim, segundo o diretor José Padilha, os atores foram divididos em núcleos: os policiais corruptos, o Bope, os estudantes da PUC, os traficantes etc. Para fazer a preparação foi trazido pessoas do mundo real para isso. Havia policiais do BOPE para preparar o núcleo do BOPE. Policiais corruptos para preparar o núcleo dos policiais corruptos etc.
Além disso, boa parte dos figurantes e coadjuvantes eram policiais de verdade cumprindo as funções que eles realmente cumpriam. O caveirão, veículo blindado usado pelo BOPE nas incursões nas favelas, era o próprio veículo (e não uma réplica). O helicóptero usado nas filmagens é realmente um helicóptero usado pela Polícia Civil do Rio etc.
A gente tem uma cena que um policial chega lá no arquivo central do 23o batalhão, como se fosse uma punição ir para o arquivo central, uma bagunça, um inferno. E a gente não teve nem que maquiar. Era o arquivo central do 23o batalhão do Rio de Janeiro. Quando vocês virem na televisão vocês não vão acreditar. Mas era assim.
José Padilha. Diretor
Outra grande preocupação foi com a pirataria, desde o roteiro até a pós-produção, Tropa de Elite 2 teve o sigilo cuidadosamente planejado. Até na pré-estreia em Paulínia, município de São Paulo que ajudou a patrocinar o filme, foi proibido entrar com celulares e equipamentos eletrônicos e toda plateia foi revistada com detectores de metal.
Destarte, o filme pode contaminar o debate político do segundo turno das eleições presidenciais. Sai o continuísmo de Dilma, a saúde de Serra, o verde de Marina e entra a violência urbana de Padilha.
Afinal, Zé Padilha acredita "no cinema político, em que a gente faz o filme e ele interfere na realidade".