Para reduzir custos e viabilizar o projeto, cientistas propõem que uma missão tripulada até Marte seja sem previsão de retorno. Com a desace...
Para reduzir custos e viabilizar o projeto, cientistas propõem que uma missão tripulada até Marte seja sem previsão de retorno.
Com a desaceleração do programa espacial americano, especialmente diante das dificuldades da NASA em implementar as missões à Lua, ainda que Barack Obama tenha dito ser possível enviar o homem a Marte até 2030 (talvez por saber que ele não estará mais no governo para ter que cumprir a previsão) o fato é que visitar outros planetas pessoalmente parece muito distante (e eu que já estava entrando em contato com a agência de viagens. :-D)
Ainda que a iniciativa privada prometa baratear os custos e viabilizar novas abordagens para o turismo espacial também não está me animando muito a escalada dos preços. Uma viagem ao espaço está com a reserva de lugar custando US$ 40 milhões embora o primeiro turista espacial tenha pago "apenas" metade desse valor em 2001 para visitar a ISS (Estação Espacial Internacional).
Assim, para que o sonho de termos pegadas humanas em Marte em um futuro (mais ou menos) próximo se realize devemos encontrar um modo de reduzir o custo. É aí que entra a controversa proposta de Dirk Schulze-Makuch, da Universidade do Estado de Washington, e de Paul Davies, da Universidade do Estado da Flórida.
Os dois físicos expuseram a ideia em um artigo publicado na revista científica Journal of Cosmology, chamado To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars (Para Audaciosamente ir: Uma Missão Humana sem Retorno a Marte, em tradução livre). Em uma referência à famosa frase "audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais foi antes" da série Jornada nas Estrelas.
Eles consideram que uma missão tripulada de ida e volta a Marte é improvável em um prazo razoável, especialmente, porque ser um projeto absurdamente caro, tanto em recursos financeiros quanto em apoio política, embora seja factível.
Todavia, sendo a maior parte dos gastos em função da necessidade de enviar de volta os astronautas, uma missão só de ida seria vantajosa sob este dois aspectos: reduziria custos a uma fração do projeto inicial, e ainda lançaria as bases da colonização humana de longo prazo em solo marciano.
Em termos cosmológicos, Marte é bastante semelhante à Terra:
Por tudo isso Marte é o astro preferencial para uma colonização humana.
Mas quem iria para essa missão sem retorno?
Em um primeiro momento poderíamos pensar em degredados, exilados que voluntariamente cumpririam penas no ostracismo interplanetário. Mas talvez isso esteja longe da realidade.
Schulze-Makuch e Davies afirmam que a ideia precisará não apenas de um grande esforço de cooperação internacional, mas também exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra.
Ao levantar a ideia entre seus colegas cientistas, vários deles manifestaram a intenção de se inscreverem como voluntários para tal missão.
O próprio Schulze-Makuch afirma que seria o primeiro voluntário a se inscrever no projeto - mesmo reconhecendo o fato de que, quando tal missão estivesse pronta para partir, a idade certamente o impediria de embarcar.
O artigo sugere que a colonização do planeta vermelho seria uma espécie de seguro contra catástrofes no estilo 2012 ou ainda pior. No caso de uma aniquilação total da vida no planeta (poderíamos pensarem algum exemplo mas deixarei para sua imaginação, prezado leitor). Além de ser uma oportunidade única de observar uma outra linha do tempo evolucionária, já que é grande a possibilidade de Marte abrigar ou já ter abrigado formas de vida.
Mas o planeta não é um jardim do Éden, muito pelo contrário. Marte não tem camada de ozônio e nem uma magnetosfera que proteja contra a ionização e os raios UV.
Tubos de lava (em destaque) marcianos que poderiam servir de abrigo para futuras colônias. [Foto: Makuch,Davies]
Para que a nidação da semente de uma colônia humana tenha sucesso o primeiro passo é a escolha de um local adequado para seu início. De preferência, um local que tenha algum particularidade no relevo que sirva de abrigo, como uma caverna, e que tenha reservas de água, minerais e nutrientes para agricultura nas proximidades.
Fonte: Inovação Tecnológica, Journal of Cosmology
Com a desaceleração do programa espacial americano, especialmente diante das dificuldades da NASA em implementar as missões à Lua, ainda que Barack Obama tenha dito ser possível enviar o homem a Marte até 2030 (talvez por saber que ele não estará mais no governo para ter que cumprir a previsão) o fato é que visitar outros planetas pessoalmente parece muito distante (e eu que já estava entrando em contato com a agência de viagens. :-D)
Ainda que a iniciativa privada prometa baratear os custos e viabilizar novas abordagens para o turismo espacial também não está me animando muito a escalada dos preços. Uma viagem ao espaço está com a reserva de lugar custando US$ 40 milhões embora o primeiro turista espacial tenha pago "apenas" metade desse valor em 2001 para visitar a ISS (Estação Espacial Internacional).
Assim, para que o sonho de termos pegadas humanas em Marte em um futuro (mais ou menos) próximo se realize devemos encontrar um modo de reduzir o custo. É aí que entra a controversa proposta de Dirk Schulze-Makuch, da Universidade do Estado de Washington, e de Paul Davies, da Universidade do Estado da Flórida.
Os dois físicos expuseram a ideia em um artigo publicado na revista científica Journal of Cosmology, chamado To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars (Para Audaciosamente ir: Uma Missão Humana sem Retorno a Marte, em tradução livre). Em uma referência à famosa frase "audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais foi antes" da série Jornada nas Estrelas.
Eles consideram que uma missão tripulada de ida e volta a Marte é improvável em um prazo razoável, especialmente, porque ser um projeto absurdamente caro, tanto em recursos financeiros quanto em apoio política, embora seja factível.
Todavia, sendo a maior parte dos gastos em função da necessidade de enviar de volta os astronautas, uma missão só de ida seria vantajosa sob este dois aspectos: reduziria custos a uma fração do projeto inicial, e ainda lançaria as bases da colonização humana de longo prazo em solo marciano.
Uma estratégia seria enviar inicialmente quatro astronautas, dois em cada uma de duas espaçonaves, ambas com módulo de pouso e com suprimentos suficientes, para estabelecer um único posto avançado em Marte. Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta.
Dirk Schulze-Makuch. Físico
Por que Marte?
Em termos cosmológicos, Marte é bastante semelhante à Terra:
- Possui uma gravidade moderada,
- Uma atmosfera,
- "Água abundante",
- Dióxido de carbono
- Uma infinidade de outros minerais essenciais,
- É o segundo planeta mais próximo da Terra, depois de Vênus,
- Uma viagem a Marte, em condições ideais, levaria apenas seis meses.
Por tudo isso Marte é o astro preferencial para uma colonização humana.
Mas quem iria para essa missão sem retorno?
Teria de fato muito pouca diferença dos primeiros pioneiros brancos que foram para o continente norte-americano, que deixaram a Europa com poucas expectativas de retorno.
Paul Davies. Físico
Em um primeiro momento poderíamos pensar em degredados, exilados que voluntariamente cumpririam penas no ostracismo interplanetário. Mas talvez isso esteja longe da realidade.
Exploradores como Colombo, Frobisher, Scott e Amundsen, embora não embarcassem em suas viagens com a intenção de se fixar em seus destinos, de qualquer forma assumiam riscos pessoais gigantescos para explorar novas terras, sabendo que havia uma probabilidade significativa de que poderiam morrer na tentativa.
Paul Davies. Físico
Schulze-Makuch e Davies afirmam que a ideia precisará não apenas de um grande esforço de cooperação internacional, mas também exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra.
Ao levantar a ideia entre seus colegas cientistas, vários deles manifestaram a intenção de se inscreverem como voluntários para tal missão.
O próprio Schulze-Makuch afirma que seria o primeiro voluntário a se inscrever no projeto - mesmo reconhecendo o fato de que, quando tal missão estivesse pronta para partir, a idade certamente o impediria de embarcar.
Pesquisas informais feitas após palestras e conferências sobre a nossa proposta mostraram repetidamente que muitas pessoas gostariam de se voluntariar para uma missão sem retorno, tanto por razões de curiosidade científica, quanto por um espírito de aventura e de cumprir o destino da humanidade.
Dirk Schulze-Makuch. Físico
O artigo sugere que a colonização do planeta vermelho seria uma espécie de seguro contra catástrofes no estilo 2012 ou ainda pior. No caso de uma aniquilação total da vida no planeta (poderíamos pensarem algum exemplo mas deixarei para sua imaginação, prezado leitor). Além de ser uma oportunidade única de observar uma outra linha do tempo evolucionária, já que é grande a possibilidade de Marte abrigar ou já ter abrigado formas de vida.
Mas o planeta não é um jardim do Éden, muito pelo contrário. Marte não tem camada de ozônio e nem uma magnetosfera que proteja contra a ionização e os raios UV.
Para que a nidação da semente de uma colônia humana tenha sucesso o primeiro passo é a escolha de um local adequado para seu início. De preferência, um local que tenha algum particularidade no relevo que sirva de abrigo, como uma caverna, e que tenha reservas de água, minerais e nutrientes para agricultura nas proximidades.
As vantagens de uma missão humana de mão-única são inúmeras, incluindo uma dramática redução de custos, o comprometimento a longo prazo pela agência espacial, do público, e da tripulação, e que nenhum programa de reabilitação é necessário para os membros da tripulação quando permanecerem na superfície de baixa gravidade de Marte. Os desafios ainda são monumentais, mas, sobretudo porque os compromissos políticos e financeiros de longo prazo têm de ser garantidos.
Trecho da conclusão do artigo
Fonte: Inovação Tecnológica, Journal of Cosmology