Pesquisadores brasileiros, apressados, induzem mutação em sementes de cafeeiro para que produzam café descafeinado sem processos industriais...
Pesquisadores brasileiros, apressados, induzem mutação em sementes de cafeeiro para que produzam café descafeinado sem processos industriais.
Em 2004, um grupo de pesquisadores brasileiros anunciou, em artigo publicado na revista Nature, a descoberta de pés de café desprovidos de cafeína.
A planta estava entre mais de três mil mudas da variedade Coffea arabica vindas da Etiópia em 1964. Contudo, a exploração comercial do café descafeinado natural tem se revelado uma má ideia devido à baixa produtividade das plantas.
Agora, utilizando uma técnica para induzir mutação em sementes, um pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) obteve, a partir de sementes de um cafeeiro já utilizado comercialmente, sete plantas mutantes que combinam a produtividade e a ausência de cafeína. O estudo, apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, foi realizado por Paulo Mazzafera, professor do Departamento de Biologia Vegetal e diretor do Instituto de Biologia da Unicamp, além de ser um dos membros da coordenação da área de Agronomia e Veterinária da FAPESP. No artigo de 2004, o cientista teve a colaboração de pesquisadores do Instituto Agronômico, de Campinas (SP).
Segundo Mazzafera, seu experimento utilizou sementes do cafeeiro comercial Catuaí Vermelho, da espécie Coffea arabica, que foram tratadas com dois tipos de mutagênicos. As cerca de 28 mil plantas resultantes da germinação foram analisadas por um método qualitativo que identificava a presença ou ausência de cafeína.
O cientista explica que o campo experimental onde foi feito o experimento tem atualmente 250 plantas. Com as sementes disponíveis é possível plantar cerca de 5 hectares para testes.
Segundo ele, o interesse comercial pelo café descafeinado é pequeno no Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países. Menos de 1% do café comercializado em território brasileiro é descafeinado. Enquanto isso, na Europa e nos EUA, a divulgação dos efeitos adversos da cafeína tem provocado um aumento crescente do mercado de café descafeinado.
Existem três processos para produção do café descafeinado. O método que emprega o solvente diclorometano, o método suíço, que utiliza água para retirar a cafeína, e o método de gás carbônico supercrítico.
As plantas obtidas pelo processo só apresentaram um problema: a estrutura de uma flor de café normalmente garante que a planta tenha uma alta taxa de autofecundação – próxima de 95% –, mas a flor da planta mutante abre precocemente, quando ainda está imatura, e, com isso, pode não ter a mesma taxa de autofecundação.
Um dos principais resultados do método que envolveu indução à mutação foi a economia de tempo.
O processo mutagênico utilizado para a obtenção das plantas descafeinadas foi patenteado.
Fonte: Agência FAPESP, Jornal da Unicamp
Em 2004, um grupo de pesquisadores brasileiros anunciou, em artigo publicado na revista Nature, a descoberta de pés de café desprovidos de cafeína.
A planta estava entre mais de três mil mudas da variedade Coffea arabica vindas da Etiópia em 1964. Contudo, a exploração comercial do café descafeinado natural tem se revelado uma má ideia devido à baixa produtividade das plantas.
Agora, utilizando uma técnica para induzir mutação em sementes, um pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) obteve, a partir de sementes de um cafeeiro já utilizado comercialmente, sete plantas mutantes que combinam a produtividade e a ausência de cafeína. O estudo, apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, foi realizado por Paulo Mazzafera, professor do Departamento de Biologia Vegetal e diretor do Instituto de Biologia da Unicamp, além de ser um dos membros da coordenação da área de Agronomia e Veterinária da FAPESP. No artigo de 2004, o cientista teve a colaboração de pesquisadores do Instituto Agronômico, de Campinas (SP).
Segundo Mazzafera, seu experimento utilizou sementes do cafeeiro comercial Catuaí Vermelho, da espécie Coffea arabica, que foram tratadas com dois tipos de mutagênicos. As cerca de 28 mil plantas resultantes da germinação foram analisadas por um método qualitativo que identificava a presença ou ausência de cafeína.
Com o tratamento, obtivemos sete cafeeiros que são praticamente desprovidos de cafeína. São plantas bastante vigorosas que já estão produzindo flores. Já fizemos boa parte das análises bioquímicas e moleculares dessas plantas e procuramos uma empresa brasileira interessada em implantar comercialmente esse café naturalmente descafeinado.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
O cientista explica que o campo experimental onde foi feito o experimento tem atualmente 250 plantas. Com as sementes disponíveis é possível plantar cerca de 5 hectares para testes.
Se der tudo certo, vamos fazer mudas com essas sementes e levar tudo a campo em 2011.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
Segundo ele, o interesse comercial pelo café descafeinado é pequeno no Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países. Menos de 1% do café comercializado em território brasileiro é descafeinado. Enquanto isso, na Europa e nos EUA, a divulgação dos efeitos adversos da cafeína tem provocado um aumento crescente do mercado de café descafeinado.
O café descafeinado corresponde a cerca de 10% do total do café comercializado no mundo. Certamente, é um mercado muito interessante e muito valorizado. A alternativa de um café desse segmento que não tem necessidade de passar por processos industriais para ser descafeinado é bastante promissora em termos de mercado.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
Existem três processos para produção do café descafeinado. O método que emprega o solvente diclorometano, o método suíço, que utiliza água para retirar a cafeína, e o método de gás carbônico supercrítico.
No método suíço, a água retira a cafeína, mas leva junto muitos elementos importantes do café, tendo que ser retornada ao processo. Já o supercrítico exige instalações muito caras.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
As plantas obtidas pelo processo só apresentaram um problema: a estrutura de uma flor de café normalmente garante que a planta tenha uma alta taxa de autofecundação – próxima de 95% –, mas a flor da planta mutante abre precocemente, quando ainda está imatura, e, com isso, pode não ter a mesma taxa de autofecundação.
Como a flor abre antes, em tese ela pode receber pólen de plantas com outros teores de cafeína. O problema, no entanto, não é tão grave, porque podemos plantar lotes de café formados exclusivamente com as plantas mutantes, segregados dos lotes com as plantas normais. Ou podemos colocar abelhas nas plantações do material com baixo teor de cafeína, provocando assim um aumento da taxa de autofecundação entre elas.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
Um dos principais resultados do método que envolveu indução à mutação foi a economia de tempo.
O melhoramento genético tradicional poderia demorar muitos anos para chegar a gerar plantas descafeinadas produtivas.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
O processo mutagênico utilizado para a obtenção das plantas descafeinadas foi patenteado.
No Brasil, não podemos patentear o material, por isso patenteamos o processo. No momento em que uma companhia brasileira se interessar em implantar o café descafeinado natural, poderemos fazer uma patente internacional relativa aos produtos provenientes desse café, cobrando royalties para quem for produzir.
Paulo Mazzafera. Pesquisador
Fonte: Agência FAPESP, Jornal da Unicamp