O fanatismo que mata. O casal deixou o filho morrer sem tratamento por falta de recursos? Por morarem no Haiti? Por terem nascido em uma reg...
O fanatismo que mata. O casal deixou o filho morrer sem tratamento por falta de recursos? Por morarem no Haiti? Por terem nascido em uma região pobre da África? Não. O casal condenado por homicídio culposo não permitiu o tratamento ao filho por acreditar que bastava orar que Deus, e não o tratamento médico, iria cuidar de seu filho.
Cena do filme Promessa de um Milagre
O caso me fez lembrar de um filme, baseado em um caso verídico, de um casal cristão que após um pastor prometer que se eles tivessem fé, o filhinho diabético deles não iria mais precisar da insulina, suspendeu as doses do remédio que mantinha o jovem vivo. Porque Jesus havia, eles acreditavam, curado a criança.
O que eu vou contar a partir do próximo parágrafo pode ser considerado spoiler.
Os membros da comunidade religiosa os felicitaram e o casal tirou realmente a medicação do filho. Como esperado, o menino piorou e o pai começou a vacilar. A mãe condenava o pai por esse não "ter a fé verdadeira" e com essa postura atrapalhar a cura do menino. E ele, como faria todo pai ignorante e que só quer o bem de seu filho, entrou de cabeça. Afinal, eles e os membros da seita achavam que se tratava apenas de manifestações do demônio.
O caso de 1973 que deu origem ao filme.
Quando o menino ficou realmente ruim os membros da comunidade começaram a tirar o corpo fora. Talvez o menino tivesse que ir a um médico de fato.
Mas, convictos que isso era uma provação divina, o casal persistiu até o menino terminar por morrer detonando, é óbvio, um terreno processo judicial.
Não pense que acabou por aí, seguindo passagens bíblica eles ainda acreditavam que o filho deles ressucitaria. Era só aguardar o milagre prometido. Nessa altura já estavam presos e a imprensa já acompanhava o caso.
Bem, estariam aguardando até hoje, mas o delegado interrompeu a fantasia ao dizer o óbvio: que eles haviam assassinado o próprio filho. Aí os pais do garoto perceberam a monstruosidade de seus atos.
Eles tinham mais um casal de gêmeas, também diabéticas, que felizmente não haviam sido "curadas". E os pais estavam ameaçados de perder a guarda das filhas.
A tal comunidade o que fez? Virou as costas. Depredaram a casa, picharam "assassinos" na parede mostrando toda a solidariedade para com o mais fervoroso e fiel casal da região.
Por que estou falando desse filme? Porque esse filme (Promessa de um Milagre) é de 1988. E de lá para cá colecionamos inúmeros casos semelhantes onde sempre voltamos ao velho tema de tratamentos médicos que são interrompidos em nome da liberdade religiosa.
É por isso que devemos ter um Estado laico onde o direito a vida deve vir sempre antes da liberdade de culto.
O caso Wesley Parker repercutiu até na mídia brasileira
O caso mais recente é de um casal do Oregon, EUA, que impediu o diagnóstico e a cura de uma obstrução congênita dos órgãos urinários, problema tratável que acabou matando seu filho, Neil Beagley, de 16 anos.
Jeff e Marci Beagley são membros da igreja local Seguidores de Cristo, que prega a cura pela fé e rejeita cuidados médicos.
O filho do casal Beagley, Neil Beagley, morreu em junho de 2008. Ele era acometido da doença desde que nasceu, mas ela nunca havia sido diagnosticada.
Em outro fato recente, no Wisconsin, em 2008, A mãe, que preferiu rezar a cuidar da filha que sofria de diabetes (lembra do filme? Mas esse caso ocorreu em março de 2008), levando a menina a óbito.
Se Deus escreve certo por linhas tortas, a morte desses inocentes e azarados serviram pelo menos para que eu dedique a eles essas mal escritas linhas. Que sirva de alerta para as mentes facilmente induzidas a percorrer o caminho do fanatismo e do apagão mental (lembro da história verídica de um cara que era tão influenciado pela religião que amputou o próprio pênis por se sentir sujo. Mal sabia ele que se atingisse o saco escrotal e parasse de produzir a testosterona, os mesmos pastores iriam rechaçá-lo por se tornar, provavelmente, um homossexual.)
Esse otro caso ocorreu em SP em 2007: Homem Corta o próprio pênis em SP por causa de religião.
Eu particularmente acho que esse filme é um daqueles tem-que-ver. Altamente recomendado para aqueles que quiserem saber como é que funciona a cabeça de um fanático, um homem-bomba, um pai que mata um filho inocente, e refletirmos melhor na hora de votar, de seguir uma doutrina, de sermos jurados em um tribunal.
Aos crentes, não deixem de ponderar sobre as sábias palavras do bom senso. Vigiai e orai (ou, confie em Alah, mas amarre o seu camelo)! E muito cuidado com os Jim Jones por aí.
O caso me fez lembrar de um filme, baseado em um caso verídico, de um casal cristão que após um pastor prometer que se eles tivessem fé, o filhinho diabético deles não iria mais precisar da insulina, suspendeu as doses do remédio que mantinha o jovem vivo. Porque Jesus havia, eles acreditavam, curado a criança.
O que eu vou contar a partir do próximo parágrafo pode ser considerado spoiler.
Os membros da comunidade religiosa os felicitaram e o casal tirou realmente a medicação do filho. Como esperado, o menino piorou e o pai começou a vacilar. A mãe condenava o pai por esse não "ter a fé verdadeira" e com essa postura atrapalhar a cura do menino. E ele, como faria todo pai ignorante e que só quer o bem de seu filho, entrou de cabeça. Afinal, eles e os membros da seita achavam que se tratava apenas de manifestações do demônio.
Deus nos prometeu que através da Bíblia que ele traria Wesley para nós. [...]Ele voltará para nós após quatro dias no túmulo, do jeito que ele era, só que curado de sua doença.
Lawrence Parker. Após a morte de seu filho em decorrência da falta de insulina que os pais deliberadamente suspenderam por acreditarem que seu filho foi curado por milagre.
Quando o menino ficou realmente ruim os membros da comunidade começaram a tirar o corpo fora. Talvez o menino tivesse que ir a um médico de fato.
Mas, convictos que isso era uma provação divina, o casal persistiu até o menino terminar por morrer detonando, é óbvio, um terreno processo judicial.
Não pense que acabou por aí, seguindo passagens bíblica eles ainda acreditavam que o filho deles ressucitaria. Era só aguardar o milagre prometido. Nessa altura já estavam presos e a imprensa já acompanhava o caso.
Bem, estariam aguardando até hoje, mas o delegado interrompeu a fantasia ao dizer o óbvio: que eles haviam assassinado o próprio filho. Aí os pais do garoto perceberam a monstruosidade de seus atos.
Eles tinham mais um casal de gêmeas, também diabéticas, que felizmente não haviam sido "curadas". E os pais estavam ameaçados de perder a guarda das filhas.
A tal comunidade o que fez? Virou as costas. Depredaram a casa, picharam "assassinos" na parede mostrando toda a solidariedade para com o mais fervoroso e fiel casal da região.
Por que estou falando desse filme? Porque esse filme (Promessa de um Milagre) é de 1988. E de lá para cá colecionamos inúmeros casos semelhantes onde sempre voltamos ao velho tema de tratamentos médicos que são interrompidos em nome da liberdade religiosa.
É por isso que devemos ter um Estado laico onde o direito a vida deve vir sempre antes da liberdade de culto.
O caso mais recente é de um casal do Oregon, EUA, que impediu o diagnóstico e a cura de uma obstrução congênita dos órgãos urinários, problema tratável que acabou matando seu filho, Neil Beagley, de 16 anos.
Jeff e Marci Beagley são membros da igreja local Seguidores de Cristo, que prega a cura pela fé e rejeita cuidados médicos.
Eles apenas tomaram a decisão errada.
Robert Zegar.Único jurado que falou com a imprensa após o veredicto do caso do casal do Oregon.
O filho do casal Beagley, Neil Beagley, morreu em junho de 2008. Ele era acometido da doença desde que nasceu, mas ela nunca havia sido diagnosticada.
Em outro fato recente, no Wisconsin, em 2008, A mãe, que preferiu rezar a cuidar da filha que sofria de diabetes (lembra do filme? Mas esse caso ocorreu em março de 2008), levando a menina a óbito.
Eu achava que, você sabe, minha fé estava sendo testada. Eu nunca passei por uma experiência como essa antes em minha vida e eu só pensei, cara, este é o teste final. Começamos a rezar e rezar e rezar por ela.
Leilani Neuman. Mãe de garota diabética morta por não receber tratamento. Em entrevista poucas horas após o óbito.
Se Deus escreve certo por linhas tortas, a morte desses inocentes e azarados serviram pelo menos para que eu dedique a eles essas mal escritas linhas. Que sirva de alerta para as mentes facilmente induzidas a percorrer o caminho do fanatismo e do apagão mental (lembro da história verídica de um cara que era tão influenciado pela religião que amputou o próprio pênis por se sentir sujo. Mal sabia ele que se atingisse o saco escrotal e parasse de produzir a testosterona, os mesmos pastores iriam rechaçá-lo por se tornar, provavelmente, um homossexual.)
Esse otro caso ocorreu em SP em 2007: Homem Corta o próprio pênis em SP por causa de religião.
Eu particularmente acho que esse filme é um daqueles tem-que-ver. Altamente recomendado para aqueles que quiserem saber como é que funciona a cabeça de um fanático, um homem-bomba, um pai que mata um filho inocente, e refletirmos melhor na hora de votar, de seguir uma doutrina, de sermos jurados em um tribunal.
Aos crentes, não deixem de ponderar sobre as sábias palavras do bom senso. Vigiai e orai (ou, confie em Alah, mas amarre o seu camelo)! E muito cuidado com os Jim Jones por aí.