A questão moral que atormentou as mais altas autoridades americanas. Isso é tortura ou não é? Simples. Experimente. O carismático jornalista...
A questão moral que atormentou as mais altas autoridades americanas.
Isso é tortura ou não é? Simples. Experimente.
O carismático jornalista-intelectual-provocateur do momento, o ensaísta Christopher Hitchens, se submeteu a uma sessão de tortura voluntariamente para dirimir qualquer dúvida sobre o tema: "seria a simulação de afogamento tortura?"
A técnica conhecida como waterboarding causa polêmica pois o governo Bush não quer admití-la como forma de tortura e prefere classificá-la como "técnica de interrogatório extrema".
Há relatos de que a CIA teria usado a técnica em três prisioneiros entre 2001 e 2003 e dois dos três vídeos que gravaram as sessões haviam sido destruídos.
Hitchens, que era da esquerda, digamos, Ballantines, depois se voltou para a direita quando passou a defender a invasão do Iraque, resolveu tirar a prova. O militar que conduziu a sessão de "interrogatório" dá instruções parecidas com aquelas ditas a quem vai fazer um exame de ressonância magnética antes de entrar no aparelho:
-"Nós iremos colocar peças de metal em cada uma de suas mãos. Elas devem ser soltas se você não suportar mais o stress. Ao soltar uma ou ambas a demonstração encerra imediatamente."
E continua:
-"Temos uma palavra para quando você quiser terminar com o exercício. Red, R - E - D, repita."
-"Red."
-"Positivo."
-"Abruptamente, senti uma cascata entrando no meu nariz. Determinado a resistir nem que fosse pela honra dos meus ancestrais da Marinha,(...) segurei minha respiração por um tempo até precisar soltar o ar. Na hora de inalar senti o pano molhado colado às minhas narinas e não sabia mais se estava tentando exalar ou inalar." E conclui: "Fui inundado pelo pânico mais que pela água e acionei o sinal combinado."
Tinham se passado apenas 11 segundos. Tempo que deixo seqüelas no intrépido jornalista. "Desde então, acordo a noite tentando afastar lenóis e cobertores do meu rosto e, quando faço algo que me deixa sem fôlego, me vejo lutando com o ar em meio a uma horrível sensação de sufocamento e claustrofobia."
Nos poucos segundos passados na demonstração Christophers Hitchens experimentou um dos mais terríveis desdobramentos que a guerra que ele defendeu trouxe para os amantes da liberdade e da democracia. Esse negócio do Estado usar de subterfúgios que beiram a ilegalidade é igual CPI, você sabe como começa, mas nunca como acaba. E pode acabar esbarrando em você.
Via Revista Piauí
Isso é tortura ou não é? Simples. Experimente.
O carismático jornalista-intelectual-provocateur do momento, o ensaísta Christopher Hitchens, se submeteu a uma sessão de tortura voluntariamente para dirimir qualquer dúvida sobre o tema: "seria a simulação de afogamento tortura?"
A técnica conhecida como waterboarding causa polêmica pois o governo Bush não quer admití-la como forma de tortura e prefere classificá-la como "técnica de interrogatório extrema".
Há relatos de que a CIA teria usado a técnica em três prisioneiros entre 2001 e 2003 e dois dos três vídeos que gravaram as sessões haviam sido destruídos.
Hitchens, que era da esquerda, digamos, Ballantines, depois se voltou para a direita quando passou a defender a invasão do Iraque, resolveu tirar a prova. O militar que conduziu a sessão de "interrogatório" dá instruções parecidas com aquelas ditas a quem vai fazer um exame de ressonância magnética antes de entrar no aparelho:
-"Nós iremos colocar peças de metal em cada uma de suas mãos. Elas devem ser soltas se você não suportar mais o stress. Ao soltar uma ou ambas a demonstração encerra imediatamente."
E continua:
-"Temos uma palavra para quando você quiser terminar com o exercício. Red, R - E - D, repita."
-"Red."
-"Positivo."
Acho que esse "cuidados" não se aplicam em sessões de "interrogatórios extremos" em Guantánamo ou em prisões secretas para onde, supostamente, a CIA transporta por aviões seus prisioneiros. O procedimento pode ser visto no vídeo. A ação começa quando uma toalha é dobrada em três e esticada sobre a boca e as narinas do jornalista. Após isso um dos agentes pega um garrafão e, de jato em jato, começa a ensopar a toalha. |
-"Abruptamente, senti uma cascata entrando no meu nariz. Determinado a resistir nem que fosse pela honra dos meus ancestrais da Marinha,(...) segurei minha respiração por um tempo até precisar soltar o ar. Na hora de inalar senti o pano molhado colado às minhas narinas e não sabia mais se estava tentando exalar ou inalar." E conclui: "Fui inundado pelo pânico mais que pela água e acionei o sinal combinado."
Tinham se passado apenas 11 segundos. Tempo que deixo seqüelas no intrépido jornalista. "Desde então, acordo a noite tentando afastar lenóis e cobertores do meu rosto e, quando faço algo que me deixa sem fôlego, me vejo lutando com o ar em meio a uma horrível sensação de sufocamento e claustrofobia."
Nos poucos segundos passados na demonstração Christophers Hitchens experimentou um dos mais terríveis desdobramentos que a guerra que ele defendeu trouxe para os amantes da liberdade e da democracia. Esse negócio do Estado usar de subterfúgios que beiram a ilegalidade é igual CPI, você sabe como começa, mas nunca como acaba. E pode acabar esbarrando em você.
Via Revista Piauí