Produção "doa" aparelho de TV com GPS embutido e acompanha, literalmente, o desvio do produto para casa de uma funcionária da Secr...
Foi algo constragedor, a reportagem exibida nessa segunda-feira já era para ter sido veiculada na semana passada.
Mas, a prefeitura do município de Barueri, Rubens Furlan, conseguiu na justiça censurar a reportagem, alegando que não foi assegurado o direito de resposta, que acabou sendo veiculada, talvez, com uma maior expectativa.
Segundo Rafinha Bastos, que participou do quadro ao lado de Danilo Gentilli, o mesmo quadro na Argentina acabou causando a demissão e a prisão do denunciado.
No nosso país a gente está pagando esse mico de ver a matéria censurada.
Marcelo Tas. Apresentador do CQC
Talvez tenha estragado um pouco a volta do programa que teve que improvisar pois ficou sem seu maior quadro dentro do que havia sido programado. Coincidentemente acabou tapando o "buraco" com o programa "É tudo improviso".
Também era esperado que o prefeito tivesse ponderado melhor sua resposta para o CQC. Mas, ao contrário do que poderia se esperar de um político experiente, como ele mesmo frisou, começou a disparar ofensas destemperadas, chamando a equipe do "CQC de babacas sem talento". O que vindo de um representante de uma classe cada vez mais desacreditada pela população (políticos) pelos motivos que levaram a criação da reportagem (prevaricação) soa até como um elogio.
Emitiu alguns recados ao citar o programa como um desmoralizador do Congresso Nacional, talvez na tentativa de angariar apoio de colegas para atacar o CQC. Chamou o Marcelo Tas de "aquele careca idiota", repetiu várias vezes que o programa era composto por babacas até que se acalmou e começou a elogiar o programa. Típico...
Danilo Gentilli, o repórter atual do quadro "Proteste Já" onde as reportagens são feitas com base nas reclamações da população, chegou a perguntar: "por acaso o senhor é bipolar?" Tamanha foi a discrepância entre os dois momentos do prefeito que ao invés de tomar alguma providência, ainda que fosse só para tentar limpar a barra sujíssima de sua secretaria perante a opinião pública, resolveu atacar a imprensa, o que acabou deixando uma certa aura de conivência no ar.
O flagrante armado pelo programa contou com um aparelho de GPS que transmitia a posição da TV e transmitia sua localização além de relatórios como se quando a TV era ligada e qual o canal assistido. Chegaram até a instalar uma sirene disparada remotamente dentro do aparelho.
Fizeram um provável sorteio de uma cidade de São Paulo para receber a doação e
a felizardo foi o município de Barueri. Depois inventaram uma história qualquer para justificar a doação e após algum tempo foram entrevistar o secretário municipal sobre a referida doação.
Entre uma bravata e outra o secretário divulgou o nome da escola onde era para estar a TV enquanto, paralelamente outra equipe do programa descobria que o paradeiro real era a casa de uma funcionária da secretaria.
Aí começou o "barata-voa". Ligações e perseguições para tentar transferir e justificar o porquê que a TV não estava onde deveria.
Acabou com o prefeito tentando barrar a reportagem de ir ao ar e xingar o jornalistas-humoristas, dizendo que eles só poderiam dizer o que dizem por gente como ele ter lutado pela democracia.
"Amadores", como diriam alguns praticantes do parkour político. Profissionais mais hábeis na arte de se safarem. A seguir algumas dicas:
1 - O prefeito de Barueri poderia ter dito que o CQC estava detratando a imagem de cidade e de sua população. Soa demagógico, mas pelo menos os eleitores locais se sentiriam lembrados.
2 - Falar que aquele é um caso isolado foi legal, mas o destempero exagerado na sequencia deu a ideia de que aquele caso não era tão sem importância assim.
3 - Aquela história de paladino da democracia soou um pouco exagerado. Será que teremos mais um candidato à Presidência da República?
4 - Por que não falar apenas: "vamos apurar e agir com rigor". Ninguém acredita mas pelo menos não ficaria com essa falta de credibilidade ao chamar repetidas vezes os humoristas-repórteres de "babacas sem talento" (eles podem ser inconvenientes, chatos, qualquer outro adjetivo, mas é óbvio que são talentosos) e depois elogiá-los na mesma entrevista, demonstrando, no mínimo, despreparo (além de uma cara-de-pau sem tamanho, até mesmo para um representante da classe).
A censura foi uma manobra interessante. Maquiavélica. Um governador já usou essa com sucesso aqui em Brasília.
A seguir, grandes mestres da política e da politicagem mostram diferentes formas de tratar a imprensa. Todas elas melhores do que aquela adotada pelo prefeito Furlan.
O caso foi encaminhado para o Ministério Público correr atrás dos responsáveis pelo desvio, custe o que custar.