Cientistas do Instituto J. Craig Venter anunciaram o feito que é um marco na história da ciência e que reacende o debate ético: pode o homem...
Cientistas do Instituto J. Craig Venter anunciaram o feito que é um marco na história da ciência e que reacende o debate ético: pode o homem brincar de Deus?
Synthia: o primeiro ser vivo criado em laboratório
Craig Venter, um cientista independente multi-milionário, e sua equipe conseguiram fazer uma "forma de vida" sintética completamente nova a partir de uma mistura de produtos químicos.
Eles construíram um novo cromossomo a partir de DNA artificial em um tubo de ensaio. Em seguida, transferiram o cromossomo para uma célula vazia e assistiram a célula se multiplicar. A própria definição de ser vivo.
Primeiro, eles seqüenciaram o código genético da Mycoplasma genitalium, a menor bactéria do mundo e é encontrada em bovinos e caprinos. A seguir armazenaram as informações em um computador.
Depois, eles usaram o código para reproduzir artificialmente o DNA em laboratório, alterando-o levemente com uma marca d'água. De forma a tornar o DNA diferenciável do original natural.
Por fim, eles desenvolveram uma técnica de remoção completa de todo o DNA original de células de bactérias, trocando-o pelo novo código artificial.
Eles demonstraram que o DNA sintético pode assumir o controle e operar as funções da nova célula receptora em termos de replicação e crescimento. (...) O que Venter e sua equipe mostraram é que, após o transplante e várias divisões celulares, a célula receptora assumiu algumas das características ou fenótipo do novo genoma nela inserido.
Paul Freeman. Especialista em biologia sintética , codiretor do EPSRC Centre for Synthetic Biology do Imperial College em entrevista à BBC
O novo organismo, apelidado de Synthia, abrirá caminho para criaturas mais complexas que podem transformar resíduos ambientais em combustíveis limpos, vacinar contra doenças e absorver poluentes, conforme prevê o Dr. Venter.
Ele chegou a comparar o seu trabalho com a construção de um computador. Fazer o DNA artificial era o equivalente ao desenvolvimento do software para o sistema operacional. Já transferí-lo para uma célula era como carregá-lo para o hardware e executar o programa na sequência.
Venter já foi acusado de estar criando a "Micróbiosoft" (em referência à Microsoft de Bill Gates), impedindo o uso livre da chamada biologia sintética e mesmo monopolizando a tecnologia.
Outros estudiosos defendem a chamada "biologia sintética open-source" (de fonte aberta), onde as informações para a construção de organismos novos ficariam disponíveis para uso gratuito por toda a comunidade científica.
Fonte: Telegraph, G1, BBC Brasil
Craig Venter, um cientista independente multi-milionário, e sua equipe conseguiram fazer uma "forma de vida" sintética completamente nova a partir de uma mistura de produtos químicos.
Estamos entrando em uma era limitada apenas por nossa imaginação.
Dr. Craig Venter
Eles construíram um novo cromossomo a partir de DNA artificial em um tubo de ensaio. Em seguida, transferiram o cromossomo para uma célula vazia e assistiram a célula se multiplicar. A própria definição de ser vivo.
Esta é a primeira célula sintética já feita, e nós a chamamos de sintética, pois a célula é totalmente derivada de um cromossomo sintético, feito com quatro frascos de substâncias químicas em um sintetizador químico, a partir de informações em um computador.
Dr. Craig Venter
Como se cria um novo ser vivo
Primeiro, eles seqüenciaram o código genético da Mycoplasma genitalium, a menor bactéria do mundo e é encontrada em bovinos e caprinos. A seguir armazenaram as informações em um computador.
Depois, eles usaram o código para reproduzir artificialmente o DNA em laboratório, alterando-o levemente com uma marca d'água. De forma a tornar o DNA diferenciável do original natural.
Por fim, eles desenvolveram uma técnica de remoção completa de todo o DNA original de células de bactérias, trocando-o pelo novo código artificial.
Eles demonstraram que o DNA sintético pode assumir o controle e operar as funções da nova célula receptora em termos de replicação e crescimento. (...) O que Venter e sua equipe mostraram é que, após o transplante e várias divisões celulares, a célula receptora assumiu algumas das características ou fenótipo do novo genoma nela inserido.
Paul Freeman. Especialista em biologia sintética , codiretor do EPSRC Centre for Synthetic Biology do Imperial College em entrevista à BBC
O novo organismo, apelidado de Synthia, abrirá caminho para criaturas mais complexas que podem transformar resíduos ambientais em combustíveis limpos, vacinar contra doenças e absorver poluentes, conforme prevê o Dr. Venter.
É uma ferramenta muito poderosa para tentar projetar o que desejamos que a biologia faça. Temos uma ampla gama de aplicações em mente.
Dr. Craig Venter
Ele chegou a comparar o seu trabalho com a construção de um computador. Fazer o DNA artificial era o equivalente ao desenvolvimento do software para o sistema operacional. Já transferí-lo para uma célula era como carregá-lo para o hardware e executar o programa na sequência.
Controvérsia
Venter já foi acusado de estar criando a "Micróbiosoft" (em referência à Microsoft de Bill Gates), impedindo o uso livre da chamada biologia sintética e mesmo monopolizando a tecnologia.
Venter está causando atrito ao abrir a porta mais profunda na história da humanidade, potencialmente espiando o seu destino. Ele está indo para o papel de um deus: a criação de vida artificial que nunca poderia ter existido naturalmente.
Professor Julian Savulescu. Especialista em práticas de Ética da Universidade de Oxford
Outros estudiosos defendem a chamada "biologia sintética open-source" (de fonte aberta), onde as informações para a construção de organismos novos ficariam disponíveis para uso gratuito por toda a comunidade científica.
O que é realmente perigoso são estas ambições dos cientistas para o controle total e irrestrito sobre a natureza, que muitas pessoas descrevem como "brincar de Deus".
Dr. David King. Diretor do observatório Human Genetics Alert
Claro que precisamos ter cautela, já que não temos certeza de que essa abordagem funcionaria em genomas maiores e mais complexos. Ainda assim, este avanço representa um marco na nossa capacidade de criar células feitas pelo homem para fins estabelecidos pelo homem.
Paul Freeman
Fonte: Telegraph, G1, BBC Brasil