Lars é um lutador e um sobrevivente. Ofuscado pelo irmão Torben, outro grande nome da vela nacional, com quem mantinha uma relação nada amis...
Lars é um lutador e um sobrevivente. Ofuscado pelo irmão Torben, outro grande nome da vela nacional, com quem mantinha uma relação nada amistosa na juventude, teve que insistir muito para que ambos estivessem lado a lado em um barco, numa paceria que para o observador distante poderia parecer naturalmente óbvia.

"Meu pai até ameaçou cortar a mesada de Torben para que ele me deixasse ser seu parceiro, mas não adiantou", relembra Lars.
Hoje, um surpreendente palestrante que o tempo na política, como Secretário Nacional de Esportes entre 2001 e 2002 entre outros cargos, talvez tenha burilado esse seu ar professoral. Ou quiçá seja nato como sua habilidade e concentração no comando de uma embarcação, como sinaliza o episódio em que teve que convercer seu primo rico a mudar da Inglaterra para o Brasil a fim de patrocinar suas competições e ainda ser seu parceiro, conforme confessou durante evento no hemisférico Museu da República, em Brasília.
Não se assemelhava com uma palestra para motivação corporativa convencional. Parecia mais uma mistura de um show de João Gilberto, tal era o silêncio com que o auditório assistia contida às suas aventuras, com o filme do Forrest Gump, devido às inacreditáveis peripécias entre olimpíadas e momentos macunaímicos em que o herói e o anti-herói era ao mesmo tempo narrador e personagem. Assim, o tempo voava como sempre acontece quando vivenciamos momentos como esse agradável mesmerismo.
De vez em quando a platéia gargalhava com suas tiradas que pareciam vindas de um humorista de stand-up comedy onde ele era a vítima das ironias da vida, mas não com o distanciamento que o Edson Arantes dispensa ao Pelé. Era ele mesmo, com sua única perna que restava falando de competições de nível olímpico (e não paraolímpico) como se fosse um boxeador em busca de um sparring.
O discurso era para ser motivador, mas passou a ser envergonhador. Vergonha dos desmandos do tempo da ditadura militar (período em que seu pai era um oficial democrata, que dureza), da falta de planejamento governamental, da forma como tratamos nossos ídolos, nossos desportistas, até mesmo nossos banhistas.
Até quando falou da pior fase de sua carreira e vida (quando quase a perdeu), seu discurso era leve, o quanto pode ser leve o relato de uma amputação seguida de paradas cardíacas.
É admirável que o desporto e o apoio que recebera conseguiu fazer com que o bravo Lars hoje fale desses apuros como se fosse algo distante e superado de forma tão impávida. Nesse vídeo temos uma seleção dos piores momentos da vida e carreira de Lars, que é apenas uma amostra de sua narrativa rica, emocionante e divertida (sim, divertida).
Bravo Lars! Até a próxima conquista para o nosso carente Brasil que você ostenta de forma tão inspiradora.
Site oficial de Lars Grael
Principais resultados esportivos antes e após o acidente

"Meu pai até ameaçou cortar a mesada de Torben para que ele me deixasse ser seu parceiro, mas não adiantou", relembra Lars.
Hoje, um surpreendente palestrante que o tempo na política, como Secretário Nacional de Esportes entre 2001 e 2002 entre outros cargos, talvez tenha burilado esse seu ar professoral. Ou quiçá seja nato como sua habilidade e concentração no comando de uma embarcação, como sinaliza o episódio em que teve que convercer seu primo rico a mudar da Inglaterra para o Brasil a fim de patrocinar suas competições e ainda ser seu parceiro, conforme confessou durante evento no hemisférico Museu da República, em Brasília.
Não se assemelhava com uma palestra para motivação corporativa convencional. Parecia mais uma mistura de um show de João Gilberto, tal era o silêncio com que o auditório assistia contida às suas aventuras, com o filme do Forrest Gump, devido às inacreditáveis peripécias entre olimpíadas e momentos macunaímicos em que o herói e o anti-herói era ao mesmo tempo narrador e personagem. Assim, o tempo voava como sempre acontece quando vivenciamos momentos como esse agradável mesmerismo.
De vez em quando a platéia gargalhava com suas tiradas que pareciam vindas de um humorista de stand-up comedy onde ele era a vítima das ironias da vida, mas não com o distanciamento que o Edson Arantes dispensa ao Pelé. Era ele mesmo, com sua única perna que restava falando de competições de nível olímpico (e não paraolímpico) como se fosse um boxeador em busca de um sparring.
O discurso era para ser motivador, mas passou a ser envergonhador. Vergonha dos desmandos do tempo da ditadura militar (período em que seu pai era um oficial democrata, que dureza), da falta de planejamento governamental, da forma como tratamos nossos ídolos, nossos desportistas, até mesmo nossos banhistas.
Até quando falou da pior fase de sua carreira e vida (quando quase a perdeu), seu discurso era leve, o quanto pode ser leve o relato de uma amputação seguida de paradas cardíacas.
É admirável que o desporto e o apoio que recebera conseguiu fazer com que o bravo Lars hoje fale desses apuros como se fosse algo distante e superado de forma tão impávida. Nesse vídeo temos uma seleção dos piores momentos da vida e carreira de Lars, que é apenas uma amostra de sua narrativa rica, emocionante e divertida (sim, divertida).
Bravo Lars! Até a próxima conquista para o nosso carente Brasil que você ostenta de forma tão inspiradora.
Site oficial de Lars Grael
Principais resultados esportivos antes e após o acidente