O documentário completa 15 anos de proibição no Brasil. Se você estiver no Brasil, respeite a lei, não veja esse documentário que pode mudar...
O documentário completa 15 anos de proibição no Brasil. Se você estiver no Brasil, respeite a lei, não veja esse documentário que pode mudar sua cabeça para sempre. E você não quer isso, quer? Aos demais povos do mundo:
Um olhar estrangeiro sobre isso-tudo-que está-aí. O documentário "Muito Além do Cidadão Kane" mostra como é a política das telecomunicações no Brasil e como as emissoras, em especial a Rede Globo, foram beneficiadas pelo relacionamento com o poder desde o tempos do golpe militar até, podemos dizer, hoje. Azar da extinta TV Excelsior, que apoiou o presidente deposto João Goulart.
(Brasília, 9/6/93). A fita de vídeo "Brasil: Além do Cidadão Kane", documentário produzido pela televisão inglesa "Channel Four" sobre a Rede Globo, foi exibida hoje no espaço cultural da Câmara dos Deputados para uma platéia formada por políticos e jornalistas. A sessão foi promovida pelo PT e o deputado Luiz Gushiken (PT-SP), que conseguiu a fita na Inglaterra e encaminhou hoje uma cópia do programa para a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
Com base no documentário, que denuncia as ligações da Globo com os militares, Gushiken vai encaminhar uma representação à Procuradoria-Geral da República para que a emissora do empresário Roberto Marinho seja enquadrada no artigo 220 da Constituição, por formação de monopólio e oligopólio... - Observatório da Imprensa
Um olhar crítico e um ótimo resumo histórico do período compreendido entre os anos 60 e o início dos anos 90. Que correspondem aos chamados Anos de Chumbo até os primeiro governos da redemocratização brasileira.
Documentário produzido por Simon Hartog, em 1993, para o Canal 4 da BBC de Londres.
O Que é o Cidadão Kane?
Citizen Kane foi um filme de Orson Welles, EUA, 1941, que é supostamente baseado na vida do magnata do jornalismo William Randolph Hearst (embora em público, Welles negava).
A história conta como o repórter Thompson (Joseph Cotten) reconstitui a trajetória do empresário da imprensa Charles Foster Kane (Welles), buscando decifrar o significado de sua última palavra no leito de morte: "rosebud". A morte de Kane comovera a nação e descobrir o porquê daquela palavra se torna uma obsessão para o jornalista, que acredita poder encontrar nela a chave do significado daquela vida atribulada.
O repórter entrevista, então, as pessoas próximas ao figurão. Um emaranhado de informações vai se costurando à frente dos olhos do espectador, desde a infância pobre, revelando um Kane por vezes perturbado, mas sempre ambicioso. Essa multiplicidade de fontes usadas pelo repórter cria um conjunto de perspectivas diferentes, funcionando como peças do quebracabeças que os espectadores vão montando.
Kane herda uma fortuna e deixa de viver com os pais para ser criado por um banqueiro, Walter Parks Thatcher (George Coulouris). Dentre todos os negócios que passam às suas mãos na maioridade, resolve dedicar se a um dos menos rentáveis: um jornal convencional e pouco influente.
Atraindo as estrelas dos veículos concorrentes com salários maiores e praticando um jornalismo agressivo (que freqüentemente descamba para o sensacionalismo), Kane consegue sucesso como homem de mídia, criando uma reputação de campeão dos pobres e oprimidos. Tenta carreira na política, concorrendo a governador como candidato independente; quando parece ter a vitória nas mãos, um escândalo provoca sua derrota. Depois de dois casamentos fracassados, passa seus últimos dias sozinho no palácio que construiu e para o qual levou tudo que o dinheiro podia comprar desde obras de arte de valor inestimável até os animais mais exóticos do planeta.
O filme faz uso de flashbacks, sombras, tem longas seqüênciãs sem cortes, mostra tomadas de baixo para cima, distorce imagens para aumentar a carga dramática; a iluminação é pouco convencional, o foco transita do primeiro plano para o background, os diálogos são sobrepostos e os closes usados com contenção. Revolucionário.
O personagem central vai, aos poucos, perdendo suas virtudes e aumentando seus defeitos. Pode ser visto retrospectivamente como alguém amargo, sombrio, arrogante, manipulador, cruel e impiedoso. Sua trajetória, no entanto, encerra muito do sonho americano: idealismo, espírito de iniciativa, fama, dinheiro, poder, mulheres, imortalidade.
O óbvio paralelo de Kane (e seu jornal Inquirer) com Hearst (e seu jornal Examiner) gerou controvérsias e pressões para impedir a montagem e exibição do filme. As similaridades são muitas: Kane construiu um palácio extravagante na Flórida, Hearst tinha um em San Simeon; o personagem teve um caso com uma cantora sem talento, Susan Alexander (Dorothy Comingore), lembrando o que Hearst teve com a jovem atriz Marion Davies. Enquanto o magnata da vida real comprou o estúdio Cosmopolitan Pictures para promover o estrelato de Davies, Kane comprou para Susan um teatro. Entretanto, enquanto Hearst nasceu rico, Kane era filho de uma família humilde. Webcine
A perseguição do governo à TV Excelsior
Em 1964, a Excelsior passou por uma grande crise, sob pressão do regime militar, que a forçou a tirar programas do ar, os quais traziam renda à emissora, junto com a Panair. Para acentuar a crise, o empresário Celso Rocha Miranda perdeu as concessões de vôo da Panair dois anos depois. Cinco dias depois, a Panair falia.
A Excelsior, sem dinheiro e com a conta estourada, é vendida ao Grupo Folha de S. Paulo, que a devolve aos antigos donos pouco tempo depois. Em 1969, TV Excelsior era um nome que não podia ser dito no governo militar, pois ela estava endividada e abandonada. Ocorreram ainda dois incêndios na TV Excelsior em uma única semana. Um foi simples, de pequeno porte, destruindo apenas um pequeno cenário. O segundo foi na sexta-feira e destruiu boa parte do acervo (não todo como muitos falam).
Fim de ano, para muitos vida nova; para a Excelsior, vida péssima: a emissora perdia mais dinheiro e se encontrava na decadência. A partir daí, a emissora só teve mais problemas com o governo: perdeu cerca de 170 milhões de Cruzeiros só em impostos e outros.
1º de outubro de 1970: a Excelsior se encontrava á beira da falência. Por volta das 18h40, Ferreira Neto invade o estúdio, que estava transmitindo um programa humorístico (Adélia e Suas Trapalhadas), e anuncia aos telespectadores que o governo decretara o fim da Excelsior. O governo dera um prazo até 15 de dezembro para a emissora pagar as dívidas e "acertar as contas", ou seja, pagar, no mínimo, 50% de sua grande dívida. Ao término do prazo, a Excelsior havia quitado menos de 1% da dívida. Resultado: era o fim da TV Excelsior, que sai do ar exatamente ás 17:56.
Treze anos depois de o canal 9 ficar fora do ar, Adolpho Bloch da Bloch Editores ganha a concorrência aberta pelo Governo Militar com a falência da TV Tupi, incluindo também a concessão da Excelsior. Era o começo da Rede Manchete, emissora com padrão diferenciado da Excelsior (que também não existe mais, cujo o maior sucesso, a novela Pantanal, passa até hoje em outras emissoras). (Retirado de TV Excelsior - Wikipedia).
Um olhar estrangeiro sobre isso-tudo-que está-aí. O documentário "Muito Além do Cidadão Kane" mostra como é a política das telecomunicações no Brasil e como as emissoras, em especial a Rede Globo, foram beneficiadas pelo relacionamento com o poder desde o tempos do golpe militar até, podemos dizer, hoje. Azar da extinta TV Excelsior, que apoiou o presidente deposto João Goulart.
(Brasília, 9/6/93). A fita de vídeo "Brasil: Além do Cidadão Kane", documentário produzido pela televisão inglesa "Channel Four" sobre a Rede Globo, foi exibida hoje no espaço cultural da Câmara dos Deputados para uma platéia formada por políticos e jornalistas. A sessão foi promovida pelo PT e o deputado Luiz Gushiken (PT-SP), que conseguiu a fita na Inglaterra e encaminhou hoje uma cópia do programa para a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara.
Com base no documentário, que denuncia as ligações da Globo com os militares, Gushiken vai encaminhar uma representação à Procuradoria-Geral da República para que a emissora do empresário Roberto Marinho seja enquadrada no artigo 220 da Constituição, por formação de monopólio e oligopólio... - Observatório da Imprensa
Um olhar crítico e um ótimo resumo histórico do período compreendido entre os anos 60 e o início dos anos 90. Que correspondem aos chamados Anos de Chumbo até os primeiro governos da redemocratização brasileira.
Documentário produzido por Simon Hartog, em 1993, para o Canal 4 da BBC de Londres.
O Que é o Cidadão Kane?
Citizen Kane foi um filme de Orson Welles, EUA, 1941, que é supostamente baseado na vida do magnata do jornalismo William Randolph Hearst (embora em público, Welles negava).
A história conta como o repórter Thompson (Joseph Cotten) reconstitui a trajetória do empresário da imprensa Charles Foster Kane (Welles), buscando decifrar o significado de sua última palavra no leito de morte: "rosebud". A morte de Kane comovera a nação e descobrir o porquê daquela palavra se torna uma obsessão para o jornalista, que acredita poder encontrar nela a chave do significado daquela vida atribulada.
O repórter entrevista, então, as pessoas próximas ao figurão. Um emaranhado de informações vai se costurando à frente dos olhos do espectador, desde a infância pobre, revelando um Kane por vezes perturbado, mas sempre ambicioso. Essa multiplicidade de fontes usadas pelo repórter cria um conjunto de perspectivas diferentes, funcionando como peças do quebracabeças que os espectadores vão montando.
Kane herda uma fortuna e deixa de viver com os pais para ser criado por um banqueiro, Walter Parks Thatcher (George Coulouris). Dentre todos os negócios que passam às suas mãos na maioridade, resolve dedicar se a um dos menos rentáveis: um jornal convencional e pouco influente.
Atraindo as estrelas dos veículos concorrentes com salários maiores e praticando um jornalismo agressivo (que freqüentemente descamba para o sensacionalismo), Kane consegue sucesso como homem de mídia, criando uma reputação de campeão dos pobres e oprimidos. Tenta carreira na política, concorrendo a governador como candidato independente; quando parece ter a vitória nas mãos, um escândalo provoca sua derrota. Depois de dois casamentos fracassados, passa seus últimos dias sozinho no palácio que construiu e para o qual levou tudo que o dinheiro podia comprar desde obras de arte de valor inestimável até os animais mais exóticos do planeta.
O filme faz uso de flashbacks, sombras, tem longas seqüênciãs sem cortes, mostra tomadas de baixo para cima, distorce imagens para aumentar a carga dramática; a iluminação é pouco convencional, o foco transita do primeiro plano para o background, os diálogos são sobrepostos e os closes usados com contenção. Revolucionário.
O personagem central vai, aos poucos, perdendo suas virtudes e aumentando seus defeitos. Pode ser visto retrospectivamente como alguém amargo, sombrio, arrogante, manipulador, cruel e impiedoso. Sua trajetória, no entanto, encerra muito do sonho americano: idealismo, espírito de iniciativa, fama, dinheiro, poder, mulheres, imortalidade.
O óbvio paralelo de Kane (e seu jornal Inquirer) com Hearst (e seu jornal Examiner) gerou controvérsias e pressões para impedir a montagem e exibição do filme. As similaridades são muitas: Kane construiu um palácio extravagante na Flórida, Hearst tinha um em San Simeon; o personagem teve um caso com uma cantora sem talento, Susan Alexander (Dorothy Comingore), lembrando o que Hearst teve com a jovem atriz Marion Davies. Enquanto o magnata da vida real comprou o estúdio Cosmopolitan Pictures para promover o estrelato de Davies, Kane comprou para Susan um teatro. Entretanto, enquanto Hearst nasceu rico, Kane era filho de uma família humilde. Webcine
A perseguição do governo à TV Excelsior
Em 1964, a Excelsior passou por uma grande crise, sob pressão do regime militar, que a forçou a tirar programas do ar, os quais traziam renda à emissora, junto com a Panair. Para acentuar a crise, o empresário Celso Rocha Miranda perdeu as concessões de vôo da Panair dois anos depois. Cinco dias depois, a Panair falia.
A Excelsior, sem dinheiro e com a conta estourada, é vendida ao Grupo Folha de S. Paulo, que a devolve aos antigos donos pouco tempo depois. Em 1969, TV Excelsior era um nome que não podia ser dito no governo militar, pois ela estava endividada e abandonada. Ocorreram ainda dois incêndios na TV Excelsior em uma única semana. Um foi simples, de pequeno porte, destruindo apenas um pequeno cenário. O segundo foi na sexta-feira e destruiu boa parte do acervo (não todo como muitos falam).
Fim de ano, para muitos vida nova; para a Excelsior, vida péssima: a emissora perdia mais dinheiro e se encontrava na decadência. A partir daí, a emissora só teve mais problemas com o governo: perdeu cerca de 170 milhões de Cruzeiros só em impostos e outros.
1º de outubro de 1970: a Excelsior se encontrava á beira da falência. Por volta das 18h40, Ferreira Neto invade o estúdio, que estava transmitindo um programa humorístico (Adélia e Suas Trapalhadas), e anuncia aos telespectadores que o governo decretara o fim da Excelsior. O governo dera um prazo até 15 de dezembro para a emissora pagar as dívidas e "acertar as contas", ou seja, pagar, no mínimo, 50% de sua grande dívida. Ao término do prazo, a Excelsior havia quitado menos de 1% da dívida. Resultado: era o fim da TV Excelsior, que sai do ar exatamente ás 17:56.
Treze anos depois de o canal 9 ficar fora do ar, Adolpho Bloch da Bloch Editores ganha a concorrência aberta pelo Governo Militar com a falência da TV Tupi, incluindo também a concessão da Excelsior. Era o começo da Rede Manchete, emissora com padrão diferenciado da Excelsior (que também não existe mais, cujo o maior sucesso, a novela Pantanal, passa até hoje em outras emissoras). (Retirado de TV Excelsior - Wikipedia).