É interessante observar a evolução (evolução?) da língua ao longo da história. Quando visto sob esta perspectiva o chamado padrão culto da l...
É interessante observar a evolução (evolução?) da língua ao longo da história. Quando visto sob esta perspectiva o chamado padrão culto da língua se torna meio surreal. É como o médico que luta para vencer a morte mesmo sabendo que ela sempre vencerá. A nossa última flor do Lácio era um latim vulgar que se tornou idioma (e o latim morreu, antes ele do que eu). E desde a origem sua riqueza e pobreza se deve às suas constantes transformações a ponto de termos duas ortografias oficiais (uma brasileira e outra européia). Para se ter uma idéia o inglês só possui uma em todo o mundo, embora tenha pequenas divergências pontuais.
Assim, esse texto reflete a complexidade de se assinar uma tratado de norma única para um idioma que se caracteriza por ser entrópico. Piscina era um local onde se colocava peixe e aquarium era onde as pessoas tomavam banho. Muitas palavras vieram de Portugal para o Brasil, caíram em desuso lá e depois foram reintroduzidas lá pela ex-colônia. O falso brasileirismo. As modificações são complexas, lentas, amplas e graduais. Veja você:
O caso do termo você é um exemplo clássico. Tal pronome começou como um tratamento real em Portugal, vossa mercê (mercê significa graça, concessão), e foi se vulgarizando através dos séculos, transformado em suas colônias, nas fazendas e nos meios mais coloquiais foi se caipirizando (vossamecê, vossancê, voismecê, vancê) até chegar ao atual (e dentro da norma culta, afinal a norma é clara, parafraseando um famoso árbitro-comentarista) você que por sua vez já se caipirizou na forma de um réles ocê.
Mas a estabilidade é aparente, com a tecnológica onda dos messengers, e com a comunicação pela Internet passando por preguiçosas e ágeis digitações em salas de chat, cheias de emoticons e dialetos, não teve recurso: o você virou VC em milhões de diálogos pelo mundo afora. Espero que as bandas largas se popularizem a ponto de evitar que tamanha persiguição às vogais seja definitiva e passemos a nos falar por voz (e vídeo, por que não?), quiçá com reconhecimento eletrônico para escrita (WYDIWYG - O que você dita é o que você tem), como o ViaVoice da IBM promete obter. Quem sabe ainda poderemos evitar que o VC seja compactado na forma de um mínimo C (que já desaparece por completo quando subentendido). E aí? C q tc? :-P
Assim, esse texto reflete a complexidade de se assinar uma tratado de norma única para um idioma que se caracteriza por ser entrópico. Piscina era um local onde se colocava peixe e aquarium era onde as pessoas tomavam banho. Muitas palavras vieram de Portugal para o Brasil, caíram em desuso lá e depois foram reintroduzidas lá pela ex-colônia. O falso brasileirismo. As modificações são complexas, lentas, amplas e graduais. Veja você:
O caso do termo você é um exemplo clássico. Tal pronome começou como um tratamento real em Portugal, vossa mercê (mercê significa graça, concessão), e foi se vulgarizando através dos séculos, transformado em suas colônias, nas fazendas e nos meios mais coloquiais foi se caipirizando (vossamecê, vossancê, voismecê, vancê) até chegar ao atual (e dentro da norma culta, afinal a norma é clara, parafraseando um famoso árbitro-comentarista) você que por sua vez já se caipirizou na forma de um réles ocê.
Mas a estabilidade é aparente, com a tecnológica onda dos messengers, e com a comunicação pela Internet passando por preguiçosas e ágeis digitações em salas de chat, cheias de emoticons e dialetos, não teve recurso: o você virou VC em milhões de diálogos pelo mundo afora. Espero que as bandas largas se popularizem a ponto de evitar que tamanha persiguição às vogais seja definitiva e passemos a nos falar por voz (e vídeo, por que não?), quiçá com reconhecimento eletrônico para escrita (WYDIWYG - O que você dita é o que você tem), como o ViaVoice da IBM promete obter. Quem sabe ainda poderemos evitar que o VC seja compactado na forma de um mínimo C (que já desaparece por completo quando subentendido). E aí? C q tc? :-P